Pare e pense: qual é o compositor de música mais antigo de que você se lembra? Ou, melhor: qual é o compositor mais antigo de que a humanidade se lembra.
Mesmo quem gosta de música clássica não costuma pensar nisso. E normalmente a tendência é ouvir a música de Bach, Mozart, Beethoven como se aquilo sempre tivesse existido. Mas, como todo o resto, em algum momento a música “clássica” também teve de ser inventada.
E a música como nós conhecemos surgiu na Idade Média. No seguinte sentido: foi lá que pela primeira vez houve alguém que escreveu uma peça de música por vontade própria, registrou num papel e ficou conhecido como o autor intelectual daquilo.
Se a gente pensar no canto gregoriano, por exemplo, não existia um autor conhecido. O importante não era a idéia de alguém por trás daquilo. Era a música que tinha importância, não o compositor. E não existia a idéia de fazer algo novo, de um “ego” interessado em fazer algo bonito, inovador.
Pois então: foi no fim do século 12 que isso começou a mudar. E foi na França, dentro da Igreja Católica. Um dos primeiros compositores cujo nome é realmente conhecido e cujas obras foram guardadas é um certo Leonin, que trabalhava na igreja em Paris.
Boa parte do que ele fazia era bolar invenções em cima do canto gregoriano. Funciona mais ou menos como dá para perceber no vídeo. Uma voz repete o canto tradicional. Só que, em vez de cantar na velocidade normal, estende tremendamente as notas (é o cantus firmus).
Enquanto isso, uma outra voz faz toda uma melodia entre a entrada de uma nota do cantochão e a próxima. Como se fosse um arabesco enfeitando a música católica tradicional.
E assim surgia uma composição: escrita, com autor conhecido e que podia ser tocada por outros mais tarde, sempre lembrando a idéia original que estava por trás daquilo.
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