Por esses dias, Stephen Hawking apareceu no seriado “The big bang theory”, falando com Sheldon Cooper, o sujeito mais engraçado que apareceu na tevê em muito tempo.
O professor, um gênio dos mais importantes da ciência moderna, fez uma cena de um minuto e trinta no seriado. Antes disso, porém, Hawking foi citado dúzia de vezes pelos personagens do programa.
Para quem não sabe, trata-se de um programa sobre nerds. Quatro guris viciados em ciência e isolados em um mundo meio infantilizado, de histórias em quadrinhos e que não sabem falar com as moças. E uma vizinha bonitona que se torna o objeto de desejo de um deles.
O seriado virou um tremendo sucesso. Por que? Acho que, além do fato de ser muito bem escrito e de ter um ator genial (Jim Parsons, o Sheldon do vídeo acima), o programa descobriu um filão.
Minha hipótese é que o seriado tinha tudo para decolar (houve tentativas anteriores, como “The IT crowd”, que não funcionaram tão bem). E isso porque a informática vem criando pela primeira vez no mundo uma quantidade significativa de nerds.
Ou seja: antes, as ciências eram tão apaixonantes quanto. Mas um número restrito de pessoas estudava isso. E só elas discutiam isso, e em ambientes próprios, como salas de aula e congressos.
Com a informática, um bando de adolescentes passou a ver um uso prático para a ciência em seu dia a dia e se empolgou com a ideia de mergulhar naquilo. Tanto na engenharia (passo 1) quanto no que está por trás dela (a ciência, passo 2).
E como os computadores se espalharam e viraram uma imensa fonte de lucro, muita gente entrou nisso de cabeça. Pela primeira vez, assuntos como circuitos integrados ou coisas mais complexas como uso de energia em clusters de servidores, viraram “modinha”.
Porque se criou um mercado consumidor grande o suficiente para isso. O que é genial. Os adolescentes, afinal, estão descobrindo, por meio do computador, todo um mundo científico. Não ficando na frente da tela, somente. Mas mexendo no software e no hardware de verdade.
E se isso faz Stephen Hawking ganhar minutos de tevê. Se faz com que a moçada se interesse por Newton e Einstein, tanto melhor. A história em quadrinhos não me empolga tanto.
Curiosamente, essa técnica toda, porém, ainda parece desvinculada de um segundo passo, que seria o interesse por um humanismo que certamente movia esses cientistas. Mas essa talvez seja uma segunda etapa. E não sei se a informática pode nos levar a ela.
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