Depois de publicar aqui, nesta segunda-feira, um textinho sobre “Pastoral Americana”, tive várias conversas sobre o livro. Eis uma das vantagens de ter um blog sobre um assunto: bastante gente que lê vem comentar e, se você escreve sobre algo que gosta, sempre surge alguma conversa interessante.

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Eis que a Marleth Silva, minha colega de redação, sempre com uma boa observação na ponta da língua, começou a me falar sobre o livro e sobre o que ela considera uma característica de Roth. Segundo ela, os livros dele são “sobre 50% da humanidade”.

Ou seja. Sobre os homens. Faz sentido, claro. E eu lembrava de ter visto algum comentário parecido antes. Fui ao Google e descobri. Foi numa resenha de “Nemesis” publicada no New York Times.

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A autora do texto, Leah Hager Cohen, diz que demorou anos para gostar de Philip Roth. Quando era mais nova, conta, leu váqrios livros dele. E sempre torcia o nariz. Até que, segundo ela, teve uma epifania. “Ah, tá. São livros para meninos”.

Diz ela que só muitos anos mais tarde, justamente quando pediram para resenhar o livro para o Times, conseguiu superar o trauma.

E, na sua resenha, diz que o problema que ela descobriu ter em relação aos livros anteriormente era em relação não tanto ao sexo ou ao sexismo (“às mulheres como orifícios”, como ela resume). Mas, sim, em relação ao niilismo de Roth.

Recentemente, a polêmica sobre o assunto surgiu de novo quando uma jurada se recusou a dar o Booker Prize para Roth. Justo uma mulher.

Mas, será que o estilo dele, o sexismo, a semipornografia de alguns trechos, e até o niilismo — será que isso realmente afasta as mulheres?

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Tendo mais a concordar com a Marleth. Não é que os livros dele sejam “para” meninos. São, sim, “sobre” meninos. Do ponto de vista absolutamente masculino, sem concessões.

E você? O que acha?

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