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Um poema para a cirurgia de miopia
| Foto:
Divulgação

Conheço muita gente que fez cirurgia para corrigir miopia e deixar de usar óculos. E, que uso desde os oito anos, nunca quis muito. E a única vez que perguntei a um médico ele me disse que, com meu grau, precisaria ter “as córneas de um paquiderme” para dar certo. Palavras não muito animadoras. Por sorte, me dou bem com meus óculos, que já viraram quase que parte integrante do resto do corpo.

No entanto, para muita gente os óculos são uma imposição terrível. E foi pensando numa moça que se incomodava assim com suas lentes, pelo jeito, que o grande Les Murray, alçado recentemente à categoria de poeta semioficial do blog, fez essa peça em seu último livro, “Taller when prone”.

A tradução é bem difícil para um amador como eu. “Azuis” e “blues” são a mesma coisa em inglês. E o no original tudo soa melhor. Principalmente o último verso: “And now she rises to her character”. Mas foi o que deu para fazer. Veja aí.

A esfera

Ela se delicia novamente
toda aurora ao abrir
um perfeito nada. Aquela esfera

Que se estende do azul
sob seus cílios
indo até os horizontes

do balão de minúcias
que contém todo o ar.
Os “blues” que ela cantou por anos

com cores lavadas se foram
junto com os óculos grossos
que estreitavam a leitura

e o trabalho de menina cega,
as lentes que atormentavam, sangrando.
Desde que a tecnologia partiu

de uma esteira Vermelha,
cortou um anel aquoso
e tirando uma camada a laser

levou embora aquela história
do céu interior dela,
as nuvens laterais sumiram.

Ela não precisa ficar recatadamente
irritada, entre pessoas que a ignoram.
Agora ela surge para sua personagem.

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