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Les Murray continua ocupando as terças-feiras aqui no blog, sempre com um poeminha traduzido especialmente. Esse aqui é considerado um dos clássicos do poeta, que continua sempre na ativa.

Sujeito bonachão e simpático, ele lançou ano passado mais um livro de poemas, com um nome difícil de traduzir. Em inglês se chama “Taller when prone”. Em português, seria algo como “Mais alto quando de bruços” (antes havia uma outra versão aqui, mas segundo o conselho editorial do blog ela estava errada.

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Enfim, enquanto nenhuma editora lança nada dele por aqui, fique aí com uma tradução (ruim) de um belo poema.

Os Mitchells

Eu vejo isso: dois homens sentados num poste
que cavaram um buraco e vão, depois do almoço, erguer
acho que pra fiação. Água ferve numa lata.
Abelhas zunem seu turno na névoa do branco

florir das acácias, sob o meio dia das sebes.
Comem grandes sanduíches de carne de uma caixa
de isopor com alça. Se entreouve um falando:
seca aquele ano. É. Que nem arar a estrada.

O primeiro, questionado, diria Eu sou um dos Mitchells.
O outro olharia um instante, folhas secas na mão,
e levantando os olhos, com dor e sutil diversão,
diria Eu sou um dos Mitchells. Do par, um já foi rico
mas nunca deixou de usar seu velho chapéu manchado de óleo. Quase tudo
que eles dizem é ritual. Algumas vezes a cena é numa avenida.

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