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11 anos em 1…(LXII)


“E cada segundo, cada momento, cada instante
É quase eterno, passa devagar
Se o seu mundo for o mundo inteiro
Sua vida, seu amor, seu lar
Cuide tudo que for verdadeiro
Deixe tudo que não for passar”
(Paralamas do Sucesso – Cuide bem do seu amor)

Conversando com meu filho…

“14 de março de 2003, sexta-feira, 13 horas…

Oi filho, lá vamos nós de novo…
Quero falar um pouquinho de como foi seu aniversário de 1 ano.

Nós o comemoramos na casa da vó Aninha e do vô Gena em Bela Vista, mas 3 dias antes você teve uma virose, com febre de quase 40 graus!

O motivo foi que, por conta do calorão que fazia, nós dois brincamos muito na água lá na chácara da Tia Maria José.
Foi banho de piscina, de mangueira, de chuveiro, era água que não acabava mais e sol, muito sol.
Acho que você nunca tinha visto tanta água para brincar assim e nos esbaldamos com tanta fartura!
O resultado foi uma virose que até o dia do seu aniversário te deixou bem baqueadinho.

E como nada disso te abalou, você manteve seu bom humor, mesmo não se sentindo muito legal.
Brincou, abriu seus presentes, adorou os balões, a velinha, os brinquedos que ganhou.
Para você foi uma festa só!

Depois das comemorações, meu casamento, Natal, Ano Novo, seu aniversário, viu quanta coisa aconteceu? Já era hora de voltar para casa.
E o que mais me dói é não ter uma previsão para voltar…

Sabe, filho, é muito confortável estar no aconchego da família, cercados de atenção e carinho. Para mim proporciona proteção de tudo aquilo que considero ruim no mundo.
É a mais pura verdade quando dizemos que o lar é a nossa base, a nossa fortaleza. Faz todo sentido.

Mas um dia nos desgarramos dele e saímos em busca de outras experiências e outros desafios é quando nos dizem que é hora de crescer!

Quando me voltam as lembranças de casa são sempre ao sabor da alegria de viver os passeios com meus pais, com as famílias de alguns amigos ou de outros tios.
As férias na praia, as visitas a museus, lugares históricos, zoológico e muita fotografia contando sobre nossas viagens.

Espero repetir este mesmo caminho com você para que registre na sua infância as histórias e alegrias que compartilharemos ao longo de nossas vidas.

Peço a Deus que nos ensine a caminhar lado a lado, que possamos criar um vínculo amoroso pela nossa convivência.
Peço a Deus que o abençoe, que o proteja e que assim seja…”

Lições que aprendi…

Antonio fez 11 anos no último dia 7.
Até aqui desenhei muitos projetos que ainda quero realizar.
Vivi muitas experiências que forçaram-me a amadurecer e crescer, pois minha resistência em viver em Curitiba ainda existe e é uma briga constante comigo mesma todos os dias.

Por outro lado, é uma caminhada longa para começar a reconhecer os resultados daquilo que Alexandre e eu passamos ao Antonio neste tempo todo.

Sou suspeita em dizer sobre meu filho porque há amor o bastante para exageros.
Mas aprendi que não posso exigir que ele cresça logo ou que amadureça antes do tempo.
Que entenda minhas crises ou fazê-lo meu melhor amigo.
Seria imprudente e egoísta da minha parte.
A princípio exercito meu papel de mãe que aprendo a ser sendo.
E só saberei destes resultados daqui a 10 anos…

Até lá, cuidarei e receberei cuidados, amarei e serei amada, brigarei muito com ele para fazer as pazes depois.
Irei abraçá-lo e beijá-lo todos os dias, esquecerei de fazer por ele muitas coisas também.
Errarei e pedirei desculpas.
Encontrarei com ele algumas soluções quando houver problemas.
Faremos algumas descobertas a respeito de história, geografia, matemática ou ciências.
Cantaremos, dançaremos, brincaremos e ainda se der, pularemos na cama até cansar!

Tentarei fazer o melhor por ele e por mim e pela nossa família.
Estarei sempre ao seu lado, aqui ou em qualquer lugar onde eu possa estar.

Hoje, senti um mal estar de gripe.
Cheguei em casa, tomei um shake, um paracetamol e deitei-me na sala de TV.
Antonio estava no banho.

Quando saiu, sentou-se ao meu lado, passou a mão pelos meus cabelos e disse:
” – Descanse um pouco, mãe, você não está legal.”

E continuou ali cantando para mim uma pequena canção que eu canto para ele desde que nasceu.
Em seguida, levantou-se e disse que iria me preparar algo e voltou com um chá de boldo (ele adora, por incrível que pareça).
Esperou que eu tomasse tudo porque acreditou que iria fazer-me bem. Parecia um doutorzinho preocupado com meu bem estar e compenetrado na sua função de “curador”.
Levou a caneca vazia até a cozinha.
Voltou aninhando-se a mim e logo dormiu.

Não há dinheiro no mundo que pague isto.
Apenas amor, por amor de mãe e filho.

Cuide bem dos seus amores, das suas flores, do seu jardim…Mesmo que seja um jardim com lindos boldos.

Deus te abençoe, teu anjo da guarda te proteja.
Obrigada por estar aqui.

ÍNDICE – DIÁRIO DE ANTONIO

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