” Depois de algum tempo você aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias, e o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida.”
(W. Shakespeare)
Conversando com meu filho…
“Sábado, 06 de julho de 2002, 17h30min.
Oi meu querido, cá estamos nós de novo.
Você tem ocupado muito o tempo livre que tenho e não sobra espaço, nem inspiração, para escrever.
Agora você está sentado no carrinho a me olhar com curiosodade, penso que tenta entender o que estou fazendo.
Seu pai acabou de chegar e começa a brincar com você, mas logo nos deixa a sós. Fica nos rondando, te pega no colo e… Oops, você regurgita um pouco do leite que mamou faz alguns minutos.
Sua tossinha continua e cuidamos pacientemente com homeopatia.
Amanhã você fará 6 meses, está grande e forte com quase 9 kg e 67 cm de altura…É um loiro e tanto. Risonho, da paz e muito esperto.
Você quase senta sozinho, está bem firme e consegue passar mais tempo com as costas equilibradas.
Presta atenção em tudo e haja olhos para descobrir o mundo que se apresenta para você!
Na escolinha, tudo vai bem. Tem comido suas papas e espero logo logo ter o mesmo sucesso aqui em casa.
Shhhh… Não falo que seu pai não pára de nos rodear? Aí está ele de volta… Agora te tirou de perto de mim e o leva para a sala de TV.
Eu fico aqui pensando em nós daqui a algum tempo.
Você andando e falando, correndo de um lado para o outro.
É muito mágica esta vida e tudo o que ela nos proporciona, não é mesmo?
Claro que sinto falta de família e mais amigos por perto.
Sabe, filho, dou-me conta do quanto sou resistente para aceitar onde estou, como estou e o que vivo.
Esta semana, conversava com uma amiga e ela me disse que eu precisava voltar-me para o meio onde eu estava inserida, olhar para este contexto e aceitar o novo como meio de vida, porque, do contrário ele não teria significado nenhum para mim.
E ela está certa.
Eu não me dei conta disto este tempo todo.
Meu foco permenece na parte afetiva.
Na família que está longe, nos amigos que não tenho aqui, no contato frequente com as pessoas que amamos e queremos por perto.
Mas como disse minha amiga: é preciso aceitar o novo.
Pensarei sobre isto…
Teu pai me chama para te pegar no banho.
“Conversamos” mais depois.
Um beijo, te amo.”
Lições que aprendi
Tento lembrar-me se foi a Rô ou a Rita (minha irmã de Goiás) quem me disse sobre aceitar o novo…
Veio de uma das duas, com certeza, das muitas conversas profundas que já tivemos nesta vida e quem sabe em outras também…
Por toda a importância que tem uma amiga ou amigo em nossa caminhada pergunto: Qual é o valor de uma amizade?
O que fazemos com ela, por ela, para ela?
Quanto tempo ela dura?
E aquela amizade que o tempo não afasta e sempre temos a sensação que nunca esteve distante?
Tenho amigas de uma vida e muitas de outras vidas, como escrevi, que reconheço pela afinidade que sentimos.
Claro, tenho amigos também, em menor número, bem menor, mas tenho.
Recebê-los em minha casa e sentar em volta da mesa para tomar um café que preparo com carinho para depois falarmos sobre a vida, sobre filhos, para darmos risada, contarmos piadas e enfeitar aquelas poucas horas com boas e barulhentas gargalhadas.
São preciosas oportunidades de convivência onde há lugar e espaço para longas conversas.
Onde é possível exercitar o perdão e o esquecimento de quaisquer mágoas, onde é possível falar sem reservas, medos ou vergonha para deixar-se ser o que é.
Hoje, compartilharei parte de um texto que escrevi no meu blog: Sal de Açúcar e faço alguns “remendos” no meio da prosa sobre o que sinto sobre amizade:
Sou libriana de nascença e por natureza gosto muito de receber amigos em casa.
Brinco ao dizer que minha casa é uma “casa de passagem”, quase todos os dias passa alguém por aqui para conversar, tomar um café, comer pãozinho fresco, ou saborear aquele tucunaré preparado pelo meu marido e que meu pai me manda por sedex lá de Primeiro de Maio! Pode?!
E se ninguém vem, está tudo bem, porque sei que daqui a pouco a campainha vai tocar e lá vou eu acompanhada pelos meus fiéis escudeiros – Ernesto e Bernardo – abrir o portão.
Enfim é assim.
No passar dos dias, este povo todo que se achegou por aqui permitiu-me exercitar o olhar e os ouvidos.
Permitiu-me educar a fala e a língua.
Ensinou-me a dar a vez aos sentimentos alheios, histórias, sonhos, projetos de vida…Frustrações.
Ajudou-me a educar minhas emoções quando eu mais precisei.
A controlar minhas angústias, a dividir também aquilo que era meu.
Não tenho adjetivos para classificar todas estas pessoas.
Seria pouco ou injusto.
Por causa delas a massa do meu pão fica mais saborosa, por elas eu sei que serei melhor amanhã e aos olhos delas sinto-me uma estrela porque me permitem brilhar.
E por amor a elas esforço-me em ser merecedora do afeto, do carinho e do respeito que aprendemos a construir com paciência e cumplicidade.
Valores que aprendi, valores que divido, somo e multiplico pelo resto da minha vida.
Deus te abençoe, tenha um lindo dia cheio de bons amigos!
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