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Autoestima, onde ela começa? (XXI)
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“Às vezes temos menos fé na capacidade de crescimento de nossos filhos do que na de nossas plantas. Pressionando, insistindo e proibindo, procuramos forçá-los a crescer. Quando não há progresso, voltamos nossa atenção para as crianças e não para o clima que as envolve. Esquecemos que, como a semente, cada criança tem seu ritmo de crescimento” (Dorothy Corkille Briggs)

Antonio, com 1 aninho

Conversando com meu filho…

“Ainda escrevendo no dia 08/11/2001…

Oi Filho,
viajamos no feriado de finados para Londrina.
Fui comprar suas roupinhas, o seu berço e sua tia Ana e a prima Mariana foram comigo.
Tudo muito lindo, você vai ver!

Sua avó Aninha fez questão de lavar e passar toda a roupinha que comprei.
Seu avô Gena, trouxe um cobertor para você e a Rosa (a moça que trabalha na casa dos seus avós) disse que seu avô estava todo faceiro com o presente.
(“Faceiro”…tem palavra mais curitibana do que esta, além de “vina”, é claro?)

Fomos visitar sua avó Regina e na casa dela estavam seus primos, Pedro, Bárbara e a pequena Nadine. A Tia Tale, Tia Nadja e o Tio Richard também.
Foi uma festa só!
Passamos uma tarde super gostosa e nunca me canso de repetir que estar em família é sempre um presente!

Depois voltamos para a casa da tia Ana.
Seu primo Affonso é um lindo, um fofo, minha “alma gêmea” de outra vida!

Affonso com 4 aninhos

Eu estava sentada na sala e ele colocou a mão na minha barriga e na mesma hora você se mexeu lá dentro dando uma sacudida…

Você precisava ver a cara de susto do seu primo.

Nos entreolhamos e caímos na gargalhada por conta desta inesperada surpresa!

Neste mesmo dia, fomos buscá-lo na escolinha.
Ele iria fazer uma apresentação de uma atividade culinária para nós.

Você não imagina!

Ele fez o papel de cozinheiro e estava muito lindo e engraçado usando um chapéu branco enorme, destes de “chef” e passava todo feliz servindo pasteizinhos e brigadeiro que ele e os coleguinhas da sua sala fizeram.

Affonso é muito esperto e tem uma cara de sapeca que ninguém resiste.

Ele não pára quieto, adora brincar de esconde-esconde e imagine se sua mãe aqui não entrou na folia com ele? Nos divertimos juntos!

A alegria não ficou só nisto…na escola pude reencontrar minha médica de Londrina, Dra. Lisete.

Alguns meses antes eu havia recebido uma cartinha dela e entre outros assuntos ela escreveu o seguinte:

“(…)Estou ansiosa para saber desta etapa da sua vida…
É lindo poder curtir cada dia da gravidez!
Já definiram o nome do bebê?
Tenho a impressão de que teremos mais um ser de cabelos e olhos claros chegando entre nós.
Se formos nos basear nos seus sobrinhos, será um bebê digno de sair em capa de revista!

Celi, um abraço muito carinhoso e repleto de saudade.(…)
Até breve, Lisete”

Nossa, quantas saudades e como foi gostoso revê-la!

Lições que aprendi…

Mãe e irmã são bênçãos em nossas vidas…
Minha mãe veio passar um final de semana em nossa casa.
Trouxe com ela minha sobrinha Mariana e como eu a chamo: Bisquí.

Minha mãe, já escrevi aqui num post anterior sobre ela, …minha linda, sou-lhe grata por estar ao meu lado nesta vida.

Para mim foi uma alegria, já que eu não podia deslocar-me para Londrina com frequência, essas visitas eram sempre bem-vindas.

Apenas quando estamos distantes das pessoas que conhecem a nossa história de vida é que realmente entendemos o verdadeiro valor que temos por elas.

Já comentei anteriormente que minha família é numerosa e sempre que possível ainda se reúne em almoços de sábados ou domingos para confraternizar.

Aliás, falo sempre disto, não? É saudade.

Durante minha gravidez, quantas vezes eu ligava para minha irmã ou minha mãe e elas estavam saindo para um desses encontros.
Morria de saudades e punha-me a chorar logo depois que desligava o telefone.

Minha irmã, que hoje tem três filhos, Mariana, Affonso e Ana Luiza, dizia-me que eu só amadureceria depois que fosse mãe.
Constituir família, lutar por ela e nela permanecer exige disposição e boa vontade.

Conviver com nossos afetos nos traz desafetos também, verdades que não queremos revelar, defeitos que não desejamos assumir, mas apesar de tudo, nosso lar é a primeira escola de amor que frequentamos. Jesus já disse isto um dia, não foi? O lar, a primeira escola…

Ana é mais nova, temos dois anos de diferença…
Eu a vida toda achei-a linda e isto para mim não mudou até hoje!

Durante nossa adolescência eu sentia-me um patinho feio e a via como a princesa dos contos de fadas.
Pode rir, mas era assim mesmo!

Quando éramos crianças, Ana era convidada para fazer os papéis da Bela, da Princesinha, nas peças de teatro da escola.
Ela ganhava elogios de todos sobre a sua beleza, sobre a cor dos seus olhos e os seus cílios enormes, seu narizinho, sobre os cabelos loiros e cacheados.

Bem, eu não era bela como ela mas tinha uma qualidade que todos notavam e sempre me diziam:
“-Você é muito inteligente, Celi!”
Viu só? Nem tudo estava perdido.

Quantas vezes na minha adolescência os mocinhos se aproximavam para conversar e eu achava que era por minha causa…
Mas era para perguntar sobre a Ana e saber algo dela… Ai como isto doía.
Que adolescente poderia gostar disto?
Era natural para mim que surgisse o ciúme, a inveja e junto a raiva e a mágoa.

Enfim, convivi com esse “barulho” por bastante tempo.
Juntando os “dramas” e mais outros lixos e bichos fui para a terapia resolver o que eu não dava conta.

A duras penas aprendi a reconhecer o quê provocava estas sensações, como apareciam e de onde vinham.

Com ajuda profissional consegui vencer alguns dos meus complexos de inferioridade, problemas de baixa autoestima e um monte de coisas que eu, enquanto adolescente e mesmo adulta, fui a-cu-mu-lan-do, feito lixo.
Outros consegui resolver na vida, sozinha.
E ainda carrego alguns que vou resolvendo sem pressa e com o tempo.

Para quem já passou pelo divã de algum analista, sabe bem que a raiz da maioria dos nossos problemas está em outro lugar.

Posteriormente, pude conversar com minha irmã e pedir-lhe que me perdoasse por minhas intransigências, sentimentos mal resolvidos e principalmente a inveja que nutri por ela…

Lembro-me até hoje deste dia. Estávamos almoçando no Pastel Mel.

Confesso que revelar meus sentimentos para ela e dizer que sentia muito por isto não foi fácil para mim.
Hoje aprendi que há outros meios, exercícios e técnicas para resolver tais questões, mas naquele momento era o que eu sabia e foi o que fiz.

Minha irmã, no meio da conversa, ouvia-me, olhava-me e dizia que estava tudo bem, porque, era mais eu quem sofria com aquilo do que ela.

O tempo passou e com ele a maioria das dores emocionais.
O que não se cura de uma vez, cura-se aos poucos e com boa vontade.

Para mim, é como esperar para ver o por do sol ou o nascer dele e permitir que a luz que dele esparge me envolva carinhosamente.
Uma luz morna que me abraça e me conforta.
Aquece meus dias e me traz lucidez para curar-me e esquecer.

Com o tempo, e só com ele, aprendi a não ser tão dura comigo e a me perdoar por meus equívocos.
E assumo que sou a maior responsável por ter carregado estas rusgas por tanto tempo.

Amo minha irmã de todo coração. Amo seus filhos e sua família.
Tenho um profundo respeito pela pessoa que é e pela profissional maravilhosa e de sucesso que se transformou.

Cada uma de nós com sua vida, cada qual no seu momento.
Diferentes percepções de mundo e de aprendizado. Tudo a seu tempo.

Eu e Anas, mãe e irmã, as Anas e eu….

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A proposta do DIÁRIO DE ANTONIO é a de um livro virtual.
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Você também poderá ler outros textos que publico no blog

sal de açúcar

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