” Quando o amor verdadeiro adentra o lar, ilumina a família e torna-se possível a materialização da boa vontade, do espírito de cooperação, do entusiasmo com a vitória do outro, da participação das lutas comuns.
O amor, entronizado no coração dos que amam, não padece de interesses mesquinhos, renuncia quando sabe que, assim, poderá melhor auxiliar.” (Thereza de Brito)
Conversando com meu filho…
“11 de março de 2002.
Oi filho,
ontem você fez sua primeira viagem de avião!
Seu pai e o tio Michel nos levaram no aeroporto e para minha surpresa você veio super bem.
Ganhou um monte de paparicos das comissárias de bordo.
Te acharam lindo, grandão, um fofo. Viu só, meu galã, vai se acostumando.
Disseram-me para te deixar mamando para que não tivesse dor de ouvido e sofresse com a despressurização. E assim eu fiz e foi super tranquilo. Sem dor, sem choro. Um anjinho.
Viemos para o aniversário de 4 anos do Affonso.
Seu primo foi um bebê enorme e lindo. Nasceu com 4,480kg!! Já pensou? Um gigante!
Ele ganhou do seu avô Gena uma barraca cheia de bolinhas coloridas e a Tia Ana disse que ele adorou.
Ontem à tarde suas Tias Nadja e Tale e seus primos Bárbara, Pedro e Nadine vieram te conhecer.
Trouxeram com eles a vó Regina e fizeram uma festa com você.
É bom demais vir para cá e receber todo esse carinho, não é mesmo?
No aniversário do Affonso até você ganhou presentes e depois de tantos mimos você dormiu no colo da Tia Darcy.
Eu, quando era pequena, dormi muitas vezes no colo dela enquanto ela cuidava do bar do seu bisavô, lá no Ibiaci… faz tempo, hein?
Quantos encontros, quantas pessoas fazem parte da nossa família…
Filho, eu volto daqui a pouco.
Agora vou cuidar de você.”
Lições que aprendi…
Serei redundante em dizer o quanto amo viajar para estes encontros de família.
Mas há uma história que eu quero contar a respeito disto e que sempre divido com meu filho.
Penso que fazemos nosso círculo familiar aumentar cada vez que nos identificamos com um amigo, com outras pessoas e vamos formando outros laços, fora dos laços consanguíneos.
Quando estava com 18 anos, em Londrina, tive a feliz oportunidade de conviver e morar com uma família Argentina amada e barulhenta por natureza.
Eu passava a ser a filha loira, a irmã de olhos azuis, a filha ”adoptiva”, como carinhosamente dizia minha mãe Gabriela.
Além dos pais que me acolheram, tive mais 4 irmãos igualmente “adoptivos”: Fabricio, Diana, Verónica e Pepe.
Fabricio, irmão mais velho.
Estudioso e compenetrado fez sua faculdade de medicina em Corrientes, na Argentina.
Com Diana, a irmã mais velha, tenho histórias para contar para o resto da vida que dariam um livro.
Hoje ela vive em Melbourne, na Austrália, tem dois filhos lindos, Victor e Natalia e é casada com Peter, meu cunhado australiano. Tenho família até do outro lado do mundo!
Com Verónica, por ser mais novinha, sofríamos com ela a cada desilusão amorosa e virávamos suas cuidadoras conselheiras.
Vero é veterinária e tem duas lindas filhas: Gabriela e a pequena temporona, Leticia.
Com Pepe, o caçula, meu Deus, era um tsunami atrás do outro!
Uma vez, quebrou o braço e foi parar no hospital…Tive pena das enfermeiras porque não dava sossego para ninguém!
Parecia um “fio desencapado” nunca vi tanta eletricidade junto!
E a mãe, minha querida mãe argentina.
Minha querida mãe Gabriela.
Mãe, não sou eu a luz que entrava em sua casa como você sempre me dizia, mas é você quem me fez entender o que esta luz faria por mim.
Não sou eu quem apareço nas horas em que você precisa e sim você quem me estende as mãos para o exercício da generosidade e do amor.
Não foi à toa que te encontrei para tê-la nesta vida em meu caminho.
Quem sabe, em outra vida, plantávamos juntas as rosas em nosso jardim.
O engraçado é que até os meus lá de casa, de tanto falar de você, te chamam de mãe Gabriela também.
Antonio te chama de vó… E diz, todo orgulhoso que tem uma “abuela” Argentina…
Amo conversar com você tomando café e comendo galletitas com manteiga.
Quantas e quantas tardes fizemos isto na cozinha da sua casa.
Mãe do coração, mãe querida.
Olho para o céu e agradeço por mais este anjo na minha vida.
Mãe, amiga, conselheira, divertida, com seus olhinhos pequenos de lentes azuis.
O tempo não secou a muda da rosa que se plantou.
Nem colocou distância no sentimento e no carinho que ao longo destes 32 anos eu cultivo.
E se posso hoje dizer algo, te direi, obrigada!
Por sua acolhida, por deixar-me fazer parte da sua família, que eu amo e tive a felicidade de conhecer.
Obrigada pelo seu amor de mãe e que tive a sorte de ter mais de uma mãe em minha vida.
Mãe, por onde eu for, por toda minha existência, como uma pequena luz o meu amor irá te acompanhar.
E que nos canteiros do jardim que cultivo no meu coração possam nascer muitas rosas amarelas para você.
Minha mãe argentina, minha linda mãe Gabriela.
Te amo, obrigada sempre.
Dios te bendiga.
Besos de tu hija.
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A proposta do DIÁRIO DE ANTONIO é a de um livro virtual.
Você poderá ler os assuntos alternadamente ou acompanhar desde o início capítulo por capítulo.
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