Família Scaramal, o clã nosso de cada dia… (XII)

“Desenvolvamos contentamento em redor do nosso clã, reunamos os entes queridos para as delícias do convívio festivo, mas não percamos de vista a melhor parte, aquela que não nos será arrebatada, pois que representa a festa do coração.”
( Theresa de Brito )

Conversando com meu filho…

“Sete de setembro de 2001…

Oi meu filho,

Estamos voltando para casa depois de um feriado em Bela Vista e Londrina.
Enquanto posso, vou escrevendo no ônibus…

Fomos visitar nossos familiares e matar saudades.
Pena que durou tão pouco…

Aproveitamos para rever seus avós, tios e primos e também fomos ao casamento do primo Rodrigo com a Gisele.
Vou te contar… Este primo eu vi nascer e segurei no colo, sua tia Ana, espirituosa como sempre, disse que “- Ele ficou tão velho que até se casou!” coisas de Ana Maria.

Seu primo Affonso está muito engraçado, andou brincando de bandido e mocinho e foi ao casamento usando uma máscara preta de plástico, parecida com a do Robin o parceiro do Batman.
Ele é um espoleta! E estava “se achando” com a máscara correndo para lá e para cá durante a festa.
Eu não conseguia olhar para ele sem rir.

Rever parentes distantes, tios que não via há tempos, primos que cresceram e estão se casando, tudo isto revigora minha alma e faz-me sentir acolhida.

Todos perguntavam de você. Se era menino ou menina, como se chamaria, se aproximavam e acariciavam a minha barriga e te mandavam recados carinhosos.

Diziam como eu estava bonita enquanto eu pensava que você era o maior responsável por toda esta transformação.

Sua prima Mariana, sempre que podia se aproximava e passava a mão na “nossa” barriga para tentar sentir um movimento seu, um chute, uma espreguiçada ou cotovelada…
Mas por enquanto, apenas eu tenho e sinto estas raras oportunidades.

Desta vez, não vimos o seu tio Júlio por lá.
A vó Aninha nos contou que ele viajou para Minas Gerais acompanhando uma banda.
Seu tio canta e tem uma bela voz… É teimoso, tem um coração de ouro e é chorão assim feito eu.

Ahhh!… Foi uma viagem cheia de mimos… Ganhamos um quadro com a oração do Anjo da Guarda, um bordado. Presente da D. Geni, a mãe da Márcia minha manicure lá em Bela Vista. Uma delicadeza da parte delas. Para mim, estas duas sempre foram um pontinho de luz, de esperança, de fé. Todas as vezes que volto à Bela Vista, tento ir até elas para receber um abraço, para conversar um pouco, para ouvir as novidades que a Márcia sempre tem para contar. São anjos em minha vida, serão eternamente. Encho meus potinhos de alegria por estar com elas naquele momento. 

Mas… volto à linha para seguir costurando o raciocínio… Seu pai não pode ir conosco desta vez e meu coração fica apertado quando fico longe dele. Por mais que a viagem seja por pouco tempo, sentimos saudade um do outro. Quando a gente ama é assim.

Um dia, eu também ouvirei você me dizendo que está com saudade de alguém.

No domingo, dia 9 almoçamos na casa da Tia Neuza e do tio Sebastião…
Dias antes eles comemoraram bodas de prata e tia Neuza me disse que estavam vivendo o período mais feliz de suas vidas.

Enfim chegamos.

Seu pai já nos esperava ansioso na rodoviária.
Ele é um homem alto, tem 1,95m e um coração maior que o mundo, mas quando fica bravo parece um leão!
Para mim ele é lindo e eu o amo muito!

Nossa história poderá ser contada e recontada a você por quantas vezes quiser ouvir.

Deus nos abençoe, meu filho, e transforme o nosso lar em um lar digno e merecedor de respeito, carinho e amor.”

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Aqui um aparte e meu carinho pela Tia Neuza, esta tia tão querida.
Para mim, um exemplo, uma mulher batalhadora, uma fortaleza.
Tia Neuza lutou para ajudar meu tio a recuperar-se do alcoolismo.
No almoço que estive presente, pude perceber que a felicidade por esta conquista expressava-se no seu olhar, tantas vezes cansado pela dor e pelas dificuldades que passava.
Sempre calada, seguia resignada, cuidando do seu trabalho e dos seus dois filhos.
Uma heroína, uma lição de amor para mim.

Quase 13 anos depois, em viagem à Londrina neste feriado de Páscoa, (20/04/2014),  ligo para minha mãe na parada da Holandeza para avisá-la que estamos chegando.

A mãe atende e me diz que tem uma notícia triste para me dar…

Disse-me que o “Tiãozinho” havia falecido…

Tiãozinho era como o Tio Sebastião era chamado pelos irmãos.

Foi-se, partiu… Quem sabe ao encontro do abraço de minha avó e meu avô que já o esperam há muito tempo do lado de lá.

Tio, Deus te abençoe, teu anjo da guarda te acompanhe. Sentiremos saudades.

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