‘Eu escrevo porque a alma é grande.
Não cabe em mim o que sinto – então espalho’.
(Michelle Trevisani)
Obrigada, Renata, por este lindo pensamento que me presenteou.
Sou uma aprendiz de escritora,
sou uma “alma escrevente”…
Conversando com meu filho…
“22/12/2001 – sábado
Olá meu lindo, ontem fizemos mais uma ecografia e você está bem crescido e pesando 3 kg e 259g!
Isto significa que tem o tamanho de um garoto da 37ª semana e estamos na 35ª e você poderá nascer daqui a duas semanas e meia.
A notícia chata é que a Dra. Marina nos aconselhou a não viajar para Londrina porque corremos o risco de você nascer no meio da estrada, já pensou?
Isto deixou-me aborrecida, mas…
Haverá outros Natais e você estará cheio de graça no próximo ano com quase um aninho.
Andando e falando, correndo com seu fraldão para lá e para cá.
Ontem você também ganhou mais presentes e foi do tio Paulo.
Ele nos trouxe três almofadas coloridas e de formatos diferentes: uma estrela azul, um coração e o “smile”, uma graça!
À medida que o tempo passa, mais pesada e lenta eu fico.
A cabeça está num ritmo e o corpo em outro.
Já estamos na reta final, não é?
Pedi ao seu pai mais paciência e cuidados comigo…
Tenho trabalhado bastante para deixar tudo em ordem antes de sair de licença maternidade.
Ando muito cansada, irritada e com minha sensibilidade aflorada!
Quando fico assim parece que o mundo está de ponta cabeça e que nada está no lugar.
Às vezes me esforço para continuar mantendo o ritmo, mas todas as mudanças as quais passo impõe-me limites e sinalizam-me para desacelerar.
Neste final de gravidez estou mais sensível, preocupada com o parto e com os preparativos para te esperar.
Tenho medo da anestesia, da cirurgia, do ambiente hospitalar…
Penso na responsabilidade e cuidados com você que irá nascer…
Digo a mim mesma para ter calma, sei que falta pouco e vai passar!
Por estes dias ando indócil com seu pai.
Quero mais conversa do que apenas beijinhos e muito mais abraços do que quaisquer insinuações sensuais.
Entendo que não deve ser fácil para ele e neste momento paciência e troca de delicadezas são essenciais para conseguirmos equilíbrio e em alguns momentos acabamos não dando conta de “segurar a onda”.
Faz parte, e como eu disse, vai passar.
Apesar de tudo, estamos ansiosos pela sua chegada e não vemos a hora de te ver.
Seu irmão fica me perguntando se será bonito… Como ele, é claro!
Se você será loiro, ou não, faz mil perguntas o tempo todo! Tudo é novidade para ele também.
Filho amado, estamos te esperando, beijos, beijos, de todos nós!”
Lições que aprendi…
Reviver o Diário de Antonio muitas vezes me leva às lágrimas.
Assumo que sou chorona de carteirinha.
Não tenho palavras para explicar o que a leitura faz comigo quando relembro o que vivi em 2001/02 e posso hoje vivenciar com meu filho todas as cores do futuro nele escrito.
No meio do caminho percebo ainda quantas histórias com Antonio eu deixei de registrar…
Ontem mesmo encontrei sua primeira agenda escolar e nela minhas “conversas” com as “tias” que cuidaram dele durante seu primeiro ano de vida.
Cada mês que passava tinha uma novidade e uma celebração: Antonio crescia forte e saudável e comemorávamos como se meu filho fizesse aniversário todos os meses.
Com certeza importunei-as com minha preocupação exagerada sobre assaduras, tosses, viroses, cólicas e alimentação.
Eram as tão famosas fases de adaptação, todas as crianças passam por isto.
Experiências naturais para um principiante no mundo.
A escolinha Gira Mundo ficava duas quadras de onde eu morava.
Márcia, Ivete e Marlene foram as “tias” que cuidaram do Antonio com todo o carinho do mundo enquanto eu, angustiada, mãe aflita, ainda estressada, voltava a trabalhar.
Pode rir, mas mãe de início de carreira é tudo parecida!
Foi importante para mim contar com estes anjos no início e reconfortante sentir-me segura com elas nos primeiros meses de vida do Antonio.
Relendo a agenda, percebo no tom das palavras escritas pela Márcia a enorme paciência que teve comigo e como a inexperiência deixou-me chata por tantas mil e uma recomendacões que eu escrevia !
Quantas vezes esta querida Márcia acalmava e aconselhava o meu coração de mãe.
Por fim, Deus delegou-me algumas tarefas nesta vida e cercou-me de pessoas especiais que ajudam-me a cumpri-las.
Minha gratidão, meu reconhecimento e carinho por todas elas.
Sempre.
Fique com Deus
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