Querido Diário…
Há muito tempo não venho aqui…
E neste meu hiato materno muitas coisas aconteceram.
Antonio já está com 14 anos e beira 1,80m… No momento estamos aprendendo uma nova sinfonia que denomino sinfonia da prosa.
Sou romântica na escrita e no ser e desta forma discorro a narrativa a respeito do assunto que me toca os ouvidos…
Meu coração de mãe veleja em águas mais ou menos tranquilas para todos os dias aprender a navegar com meu filho.
De todos os barulhos que oscilam, o que mais muda em nossas conversas é o meu aprendizado em afinar o tom, o tom de voz.
No balançar das águas, às vezes turbulentas, rabisco notas nas pautas das nossas prosas e percebo o quanto o tom faz-se mágico e eficaz para manter o curso e não deixar meu filho à mercê das marés das minhas tempestades emocionais.
Saber conversar é bom, mas aprender a ouvir e perceber o que se esconde no tom de voz do outro é melhor.
Recentemente, enquanto eu ” velejava” no trabalho com meus pães, ouvi um pedido gritado e imposto vindo do quintal.
Antonio avisava que iria dormir na casa de um amigo, do seu melhor amigo.
No rompante, eu aflita, mais uma vez com o meu dia de trabalho, que, por meu descuido, havia começado em atraso, bradei-lhe um sonoro não.
Antonio e eu havíamos feito um combinado um dia antes e senti-me indignada com aquela decisão pois estava quebrando o acordo que havíamos feito… Pelo menos para mim estávamos acordados…
Saiu batendo os calcanhares em meia volta, resmungando qualquer coisa que me deixasse ainda mais irritada…
Atravessei o quintal e mais uma vez coloquei-me em discussão com meu filho por conta daquele “absurdo” pedido que “violava” um trato feito.
Discutimos para eu ouvir dele que não havia combinado nada comigo…
Na raiva do momento, proibi-o do seu intento, coloquei para ele minha adolescente indignação, bati eu os calcanhares em retirada e voltei ao meu trabalho… E quem disse que me aquietei?
Meu coração se apertou, chorei… Larguei a massa na masseira, caminhei de um lado a outro respirando fundo e repensando sobre minha atitude.
Que se perca a massa, que se percam os pães… Meu filho também sofria.
Devagar, mais calma, atravessei o quintal e espiei pela janela do seu quarto…
Antonio soluçava e aquilo cortou meu coração…
Fui até ele, sentei-me ao seu lado e o enlacei. Pedi desculpas pela minha atitude. Disse-lhe o quanto sentia-me mal quando isto acontecia. Perguntei, então, porque chorava? E ele, aos soluços respondeu-me:
” – Mãe, não sei o que me acontece, não sei porque sinto tudo isto!” E mais choro.
Abracei-o e lhe disse calmamente:
” – Eu sei, filho… Isto se chama adolescência… E todos passamos por ela. Eu passei, teu pai, e todos os adultos que conhecer passaram também. Uma fase onde começamos a sair da criança que ainda queremos ser para uma que buscamos nos autoafirmar. Onde amamos e odiamos ao mesmo tempo, onde sentimos carinho e repulsa, onde parece que todos os bichos que temos guardados dentro da gente resolvem sair de uma vez. Mas, filho, a boa notícia é que ela passa. Passou pra mim, vai passar pra você. É uma fase difícil, eu entendo você. E saiba que teu pai e eu estaremos sempre aqui sem deixar de te amar por todos estes teus rompantes. Faz parte, filho, vai passar…”
Aos poucos se acalmou, o choro cedeu ao suspiro aliviado. Um abraço mais demorado, uma brincadeira para sair do momento que o afligia…
E o tom foi mais uma vez afinado.
Te amo, meu filho, isto para nós é aprendizado.
Continuemos a remar…
Agora deixemos que as águas mansas molhem nossos pés.
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