“Meus pensamentos começam a teologar.
Penso que Deus deve ter sido um artista brincalhão para inventar coisas tão incríveis para se comer.
Penso mais: que ele foi gracioso.
Deu-nos as coisas incompletas, cruas.
Deixou-nos o prazer de inventar a culinária.”
(Rubem Alves)
Conversando com meu filho…
“Domingo, 4 de agosto de 2002.
Filho, daqui a três dias você entrará no sétimo mês.
O tempo passa muito rápido e nos absorve por demais em coisas tão pequenas…
Tenho sentido um pouco de dificuldade nesta sua nova fase por conta da alimentação e esta semana você pegou uma “virose” que atacou seus intestinos.
Você rejeita comida, não quer nem saber de comer coisas salgadas. Papinha então, nem pensar! Comida sólida, nenhuma!
Só consegue mamar no peito e nas mamadeiras que preparo com o leite que ordenho.
E como se não bastasse, uma conjuntivite que deixou seus olhinhos inchados, vermelhos e com muita secreção.
Não passou bem, tampouco dormiu direito neste final de semana.
Resmunga e chora nos chamando.
Demora para dormir, seu nariz está trancadinho e a tosse que te incomoda não te dá trégua nem a nós.
Dá pena ver você assim. E com tantas variáveis te acontecendo, era para você estar birrento, chato e ranheta, mas você só dá uns resmungos e fica bem quietinho, na sua, com seus “zoinhos remelentos” só pedindo um colinho porque está dodói.
Você é um anjinho lindo que Deus colocou no meu caminho para eu cuidar.
Mesmo com tantas coisas a te incomodar, você mantém seu bom humor, consegue brincar, rir, “tagarelar” e só sossega quando seu pai te pega no colo para te fazer dormir.
Quando você está muito cansado dorme mamando no meu peito, mas quando te percebemos mais agitado é no colo do seu pai que se acalma, ouvindo Chet Baker com ele te levando pela sala para lá e para cá.
Tudo passa, filho, e logo você ficará bem. É a sua “fase berçário” de convivência com outras crianças para adquirir resistência. Faz parte.
Neste momento seu pai tenta fazê-lo dormir. Mas parece que você está bem firme no seu propósito de ficar acordado…
Um beijo meu filho, nos falamos depois.”
Lições que aprendi…
Como foi complicado para mim tentar fazer o Antonio comer outras coisas que não fosse apenas beber o leite materno.
Desenvolver o paladar leva tempo até para nós enquanto adultos, o que dirá sendo criança ou um bebê.
Tento até hoje fazer com que Antonio experimente outros temperos, outras comidas, enfim, ter um paladar mais apurado, mas ainda fracasso em algumas das minhas tentativas…
Espero que ele cresça e aprenda sobre a mágica dos temperos e a diversidade de alimentos coloridos e saudáveis que temos à nossa disposição.
Quero que um dia ele também possa vivenciar o que recentemente tive a oportunidade de experimentar num pequeno e aconchegante restaurante aqui em Curitiba.
Sempre digo que fazer amigos nesta terra nunca foi tarefa das mais fáceis para mim.
Adaptar-me à Curitiba e ao seu clima indócil deixa-me assim igualmente.
Mas também sei reconhecer que de algum tempo para cá tenho recebido carinho , atenção e cuidados de formas e pessoas mais inesperadas.
Seja de uma leitora, que apenas desenha meu perfil sobre o que lê nos meus escritos e devolve-me palavras gentis que me abraçam, seja na presença de mais estranhos ainda que postos em volta de uma linda mesa de jantar mais parecem uma enorme família, alegre, divertida e barulhenta.
Sem dar-me conta se será a primeira ou a única vez que isto acontecerá.
Nesta mesa, durante o jantar, enquanto nós convidados nos apresentávamos e a conversa instalava-se, foram servindo e apresentando cada prato de forma inesperada, nos surpreendendo um a um pelos sabores e pela aparência.
E eu, que sou vegetariana, ainda recebi os cuidados de uma estrela, tudo pensado e preparado para os meus olhos e o meu paladar .
Ali também foi possível contar e ouvir algumas histórias de onde aquelas pessoas foram, passearam, viveram ou trabalharam.
Fosse onde fosse, lugar, país, cidade, a conversa estendia-se pela mesa, sem fronteiras ou barreiras para limitar o destino das palavras.
Curiosos feito crianças diante da novidade, prestávamos atenção, queríamos ouvir, rir e sentir
sem perder o fio da prosa, a mistura dos temperos e a surpresa do desfile de cada prato colocado à nossa frente.
Senti-me à vontade para contar algumas histórias de família e acharmos graça dos peixes que meu pai amorosamente me manda por sedex! Porque não?
Um ambiente requintadamente simples com todo o uso do advérbio que a palavra me permite.
Sim, este lugar existe.
E mais, este lugar existe em Curitiba.
Jamais imaginei experimentar uma comida tão bem preparada, e desfrutar de um bem estar enorme na companhia de pessoas… Familiarmente estranhas ou estranhamente familiares?
E além disto, ter a companhia dos próprios chefs à mesa contando sobre cada apresentação gastronômica: o que foi, de onde veio, como cada prato foi pensado e feito.
Tudo delicioso, diferente e inesperado.
Não dá para explicar o que foi este encontro , é preciso dar-se a oportunidade de vivenciar, de experimentar e sentir.
Exagero meu? Pode ser, pode ser.
Mas deixe-se, permita-se experimentar sensações como estas e só depois me diga se eu não tenho razão.
Obrigada Chef Giu Hahn, obrigada Chef Juliano Marasca, pelo carinho, pelo respeito e pela delicadeza que tiveram comigo.
Vocês proporcionaram-me uma experiência ímpar que amei vivenciar e levarei comigo para dividir com meu filho pelo resto da minha vida.
Deus os abençoe.
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super obrigada!!
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