” Se, hoje, para nós, é um desses dias, repleto de amargura, paremos um instante.
Elevemos o pensamento ao Alto
e busquemos a voz suave da Mãe amorosa,
a nos dizer carinhosamente: ‘isto também passará'”
(Tudo Passa – Chico Xavier)
Conversando com meu filho…
“25 de março de 2003, terça-feira.
Filho, acabei de deixá-lo no berçário.
Você anda fazendo tanta birra ultimamente que nem sempre sei o que fazer.
Joga-se para trás quando não quer ou quer alguma coisa e ontem deu-me um “baile” de choro.
Mas tem uma coisa que eu entendi: quando chegamos em casa você quer colo.
Te pego, te acalmo adora ir até a sacada para ver os carros passando lá em baixo.
Tem dois dias que ficamos na sacada fazendo isto e você dorme no meu colo enrolado no edredom.
Estamos em março e começa a esfriar…Ficamos nós dois contando estrelas e vendo o movimento da rua.
Canto nossa música baixinho até você dormir.
É lindo vê-lo desmaiar de sono em meus braços.
Sua carinha enrolada no edredom faz parecê-lo um anjo.
Filho, sinto muito por estes dias.
Tenho sido exigida demais no trabalho e nestes últimos meses são raros os dias que passo sem chorar.
Ando nervosa, descontrolada e descompensada.
Nunca pensei que seria tão difícil ajustar-me a esta nova rotina.
Trabalhar, ser mãe, ser esposa, dona de casa…Quantas coisas diferentes e tudo junto ao mesmo tempo…
Sinto muito pela minha falta de paciência e atenção com você.
Vai passar, eu prometo…
Um beijo, durma com os anjos, te amo, meu filho.”
Lições que aprendi...
Já escrevi aqui sobre o tempo com nossos filhos e sobre o que ouvi de uma amiga quando questionei a respeito disto.Meu tempo com Antonio…(XXV)
Mas hoje, quero solidarizar-me com pais, mães, familiares destas crianças que despediram-se deste mundo pelas portas ou pelas mãos de Santa Maria.
Kiss, um beijo, foi esta a palavra de despedida.
Não acredito em acasos e sim numa contagem regressiva que nos distancia ou aproxima uns dos outros determinando mais ou menos o tempo de cada um ao nosso lado.
Como mãe, acredito que não deva existir dor maior do que a dor de perder um filho.
Pedir para que vocês sejam fortes? Quem sou eu com esta autoridade?
Pedir para acalmarem-se? Quem sou eu detentora deste equilíbrio?
Sou mais uma que também estaria chorando este adeus.
Pela crença que tenho, poderia sentir-me mais confortada, mas talvez, incapaz de confortar.
Senhor, olhe por nós.
Desça suas bênçãos sobre nós neste momento de fragilidade.
Atenda nossos corações desesperados por respostas de um enorme por quê, segundo nosso entendimento e nossos ouvidos.
Ave Maria, abençoe nossos filhos, conduza-os por teus caminhos e receba-os com teu beijo e abraço de mãe.
Que assim seja.
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