“Parceiro e parceira, nos compromissos do lar, precisam reaprender na escola do amor, reconhecendo que acima da conjunção corpórea, fácil de se concretizar, é imperioso que a dupla se case, em espírito – sempre mais em espírito – dia por dia.”
(Francisco Cândido Xavier, por Emmanuel – no livro Vida e Sexo, editora FEB)
“05/09/2001
Filho,
Os enjôos passaram e a barriga começa a aparecer. Ontem senti um movimento seu e sei que mesmo não entendendo o mundo aqui fora, você também começa a ouvir o meu coração.
Deus nos abençoe, meu filho e nos faça cumprir juntos os cuidados que teremos um com o outro.”
Lições que aprendi, conselhos que quero passar…
Apesar da ansiedade em me ver grávida e desejar que todos soubessem disso, precisei conter meus ânimos e ter muita calma.
Muitas mudanças físicas e emocionais aconteceram e procurei equilibrar a euforia e a expectativa provocadas por elas.
Nessa fase, um papel de extrema importância cabe ao companheiro de toda grávida que é o de preparar-se para estas mudanças.
Seja o de acompanhá-la às consultas e atender às orientações médicas, seja o de instruir-se e esclarecer-se sobre o assunto.
Parece que não, mas é um período em que o homem, por mais durão que se apresente ou por mais experiente que se ache em matéria de bebês, poderá “esquecer” de reciclar seus sentimentos para entender as alterações que ocorrerão com a futura mamãe e com o futuro papai também.
Lembremos que atualmente as famílias não são mais constituídas apenas por pai, mãe e filhos. Encontramos também outros agregados nesta ciranda.
No período pós-parto, e ele não se resume apenas à quarentena, é possível evitar grandes conflitos entre os casais se ambos forem amorosos e pacientes um com o outro.
É claro que há exceções, existem maridos que parecem mais mães que as próprias. Eles que cuidam, zelam e estão amorosamente presentes curtindo a gravidez.
Mas, quero lembrá-los que haverá um longo período de dedicação ao bebê, principalmente da mãe que amamenta e que passará mais tempo com ele.
Neste período, o marido muitas vezes poderá sentir-se rejeitado, posto de lado e muitos casais rompem seus relacionamentos nos primeiros dois anos da chegada do bebê por puro despreparo, ou porque a exigência por sexo e atenção torna-se um duelo diário e sem trégua.
Sobre esta fase eu ouvi algumas esposas chateadas com seus maridos porque eles colocavam-se em situação de “competição” reclamando a atenção da esposa.
Entenda futuro papai: o filho é de vocês dois.
Se existe um amor verdadeiro na história de vocês é a hora de ser muito, mas muito paciente e dividir este momento com sua esposa ao invés de começar a provocá-la com críticas, com picuinhas como por exemplo: “agora é tudo para o bebê”, ” você está gorda”, “você não liga mais para mim”, “você vive cansada e com sono”… ” você não é mais a mesma de antes” , nossa, porque será, não?
Desculpe-me, mas tais atitudes infantis e imaturas não ajudarão em nada. Só nos deixarão tristes e a “volta” para vocês demorará mais ainda.
Lembrar que, enquanto gestantes, somos nós quem passamos por todas as mudanças biológicas, físicas, hormonais e por acréscimo as emocionais, as psicológicas, as de estética, as de bem estar. E outras que não tenho nem nomes para dizer.
Não é pouco e não será em 40 dias que voltaremos ao estado que éramos quando namorávamos os “lindos mancebos”.
Conversar muito é sempre bom e como já escrevi em algum momento, às vezes é difícil começar um diálogo, mas vale a pena tentar para construir a família que está começando a formar-se.
Vocês estão edificando uma célula nova: a célula familiar, por favor, não a banalize com picuinhas e manhas. Com birras e exigências.
A estrutura do antigo namoro passará por uma mudança de horários, de rotina, de mais um serzinho que estará entre nós.
Noites sem dormir, olhos inchados, cansaço e irritabilidade poderão e farão parte desta nova fase.
Sejam bem-vindos, vocês não são e nem serão os únicos a ter esta vivência.
Vocês acabam de ser pais! E pais passam por isto.
Se posso oferecer um conselho, peço aos futuros papais e mamães: preparem-se para ter uma relação saudável e principalmente amorosa entre vocês, antes, durante e depois da gravidez.
Se puderem contar com a ajuda de pais, mães, irmãs, enfermeiras, cuidadoras, que ótimo!
Mas, se estiverem longe da família, se o círculo de amigos ainda é pequeno e não puderem contar com ajuda extra tenham paciência, paciência e paciência, porque tudo passa e vocês ficarão bem.
No final basta olhar para o futuro e ver o filho de vocês como vejo o meu hoje.
E enxergar que, apesar das crises, o casamento amadureceu e não naufragou.
Fiquem firmes, segurem o remo com todo o coração, o barco desta nova família precisa dos dois para ter equilíbrio e não se deixar tombar.
Deus os abençoe.
(voltarei à parte 2 do assunto anterior mais à frente quando converso com meu marido a respeito…)
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