A Gabriela adora fazer bolo. Só que, se deixar, ela faz bolo todo dia, e isso não é bom porque estimula o comportamento restritivo (característico do quadro). Assim, colocamos na rotina dela que ela pode fazer bolo, mas na quarta-feira. Nos demais dias, se for cozinhar, tem que ser outra coisa. Inclusive, ela cozinha muito bem. Tão bem que, talvez, daqui a alguns anos, eu tenha outro blog sobre “como emagrecer”, porque ela arrasa nos doces.
Enfim… Voltando ao ponto… Na quarta-feira, ela chegava em casa, do colégio, ia para a cozinha, fazia o bolo, ia tomar banho, e daí seguia com as terapias. Um belo dia eu decidi dar banho nela antes de fazer bolo. Pensa na briga! Ela ficou furiosa. E daí percebi meu erro: estava reforçando a fixação dela. Primeiro erro meu, foi instaurar uma rigidez na chegada, colocando sempre a mesma ordem (primeiro bolo, depois banho, etc.). Segundo ponto é que eu poderia ter ido além, ter colocado que, uma vez por semana, ela ia fazer bolo, sempre alternando o dia (uma vez quarta, outra sexta, outra segunda, etc.), sempre a comunicando com antecedência.
Ah… Um ponto importante é que precisamos sempre avisá-los do que vai acontecer. Ou seja, não vá sair mudando a rotina da criança sem aviso prévio.
Mas o principal é que ter rotina não significa fazer tudo exatamente na mesma ordem, sempre igual. Não que a criança com autismo não vá ficar confortável com essa rotina rígida. Pode ser que fique muito feliz, inclusive. Mas, deve-se pensar além. Temos que pensar em não reforçar comportamentos de fixação, e fazer isso com o maior carinho e cautela. É exigir a mais da criança? Sim. E, por isso, quem deve orientar como lidar com essa rotina é a equipe terapêutica.
Outro ponto importante é que o apego à rotina varia de pessoa para pessoa, dependendo de seu quadro. Alguns autistas têm mais apego à rotina, outros menos. Novamente, vale a regra que cada autista… Ou melhor, cada pessoa é única.
Vejamos o famoso caso de Carly Fleischmann. Ela viveu 11 anos sem se comunicar e a maioria das pessoas à sua volta acreditava que ela não entendia o que estava acontecendo ao seu redor. Um dia, ela simplesmente foi ao computador e começou a escrever. Sim! Escrever. Como se sentia, como era ser autista. Hoje ela inclusive responde a perguntas sobre o assunto por meio da escrita. Carly mostrou que, apesar da sua dificuldade de comunicação, ela compreendia o que estava ao seu redor. E esse é só um caso. Conversando com demais pais de autistas, você vai conseguir se deparar com várias histórias em que os pais imaginavam que a criança não estivesse entendendo o que estavam conversando e ela mostrou estar entendendo tudo.
É por isso que devemos ter cuidado com o que falamos perto de crianças autistas. Às vezes, elas não atendem nossas solicitações diretas, mas nem sempre isso quer dizer que ela não está entendendo. A situação é mais complexa e delicada do que parece. A dica é: não diga perto de uma criança autista algo que não diria perto de uma criança “típica”. Como já diz uma conhecida minha (que também tem filho autista): A criança é autista, não deficiente auditiva. E, aliás, sabia que deficientes auditivos podem ler lábios? Então…. Simplesmente não diga algo que não pode ser dito!
STF decide sobre atuação da polícia de São Paulo e interfere na gestão de Tarcísio
Esquerda tenta mudar regra eleitoral para impedir maioria conservadora no Senado após 2026
Falas de ministros do STF revelam pouco caso com princípios democráticos
Sob pressão do mercado e enfraquecido no governo, Haddad atravessa seu pior momento
Inteligência americana pode ter colaborado com governo brasileiro em casos de censura no Brasil
Lula encontra brecha na catástrofe gaúcha e mira nas eleições de 2026
Barroso adota “política do pensamento” e reclama de liberdade de expressão na internet
Paulo Pimenta: O Salvador Apolítico das Enchentes no RS