E chegamos ao último método da nossa coletânea sobre os métodos que têm sido mais comentados para tratamentos de crianças autistas. A bola da vez é DIR®FloortimeTM. Ai… Que medo escrever sobre esse método. Eu já li muito sobre os outros, mas comecei a estudar sobre DIR®FloortimeTM recentemente. Fiquei pensando: escrever ou não escrever sobre esse método?! Mas, como é um método que está surgindo com muita força, não poderia ficar de fora, então, arregacei as mangas e procurei juntar todas as informações que tenho sobre o assunto. E que a Força esteja comigo!
O método DIR®FloortimeTM está de olho na “filosofia de interagir com uma criança autista”. Para isso, considera seis marcos básicos no desenvolvimento: (1) noção do próprio eu e interesse no mundo; (2) intimidade ou um amor especial para a relação humana; (3) a comunicação em duas vias (interação); (4) a comunicação complexa; (5) as ideias emocionais e (6) o pensamento emocional. Faz todo sentido, não?! Na busca desses seis marcos, o objetivo final é o desenvolvimento funcional da criança, sempre tomando em consideração as diferenças individuais da criança e seus relacionamentos.
Mas talvez você esteja se perguntando: Mas o que raios quer dizer esse “DIR”? Vamos lá: me dê um D: “Desenvolvimento funcional emocional”; me dê um I: “Diferenças Individuais”, me dê um R: “Relacionamento”. E aí está nosso “DIR”.
O Desenvolvimento funcional e emocional vai focar nas seguintes habilidades:a criança se manter calma e regulada, ajudá-la a interagir com os outros de forma espontânea, propiciar repertório para a criança iniciar uma comunicação empática, ensinar o paciente a resolver conflitos sociais, trabalhar para que a criança realize o ato de brincar de forma criativa, funcional e simbólica, “construir pontes” entre ideias de forma lógica.
Por sua vez, as diferenças individuais partem da ideia de considerar cada criança como um ser único com potencialidades, necessidades e interesses diferentes. Mas aí não basta saber: meu filho é único. É preciso entender as características que tornam aquela criança única, o que vai facilitar a implementação de estratégias de estimulação.
Quanto a “Relacionamentos”, é a atenção ao seguinte pressuposto: o relacionamento que a criança tem com seus pares (pais, colegas de escola, terapeutas, professores etc.) é que vão definir a capacidade da criança de aprender a se desenvolver.
Explicado o que quer dizer “DIR”, resta ainda explicar o que quer dizer “Floortime”, que seria, em tradução livre e literal: “tempo de chão”. “Floortime” seria uma das estratégias do “DIR”. Por esta estratégia, se somam dois aspectos: (1) seguir os interesses emocionais da criança, (2) desafiar a criança a construir e expandir seu círculo de interesses e repertório.
Trabalha-se muito num processo chamado abertura e fechamento de círculos de comunicação: imerge-se na brincadeira de interesse da criança, seguindo os comandos que a criança lidera e, seguidamente, move-se a criança para movimentos mais complexos. Como se pode notar, nesse processo não há um foco nas habilidades específicas de fala, comunicação, motricidade ou cognição, mas sim no desenvolvimento funcional como um todo que, por via reflexa, influi nessas habilidades.
O método foi desenvolvimento por Stanley Greenspan e Serena Wier nos Estados Unidos, nos anos 80. É preciso notar que, quando divulgamos o nome da referida abordagem, há o símbolo “®” ao lado do “DIR” e o símbolo “™” ao lado do “Floortime”. E isso não é à toa. O símbolo “®” remete à “Registrado” e “™”seria Trade Mark. Isso significa que alguém é dono da marca DIR® Floortime®, nesse caso, a empresa The Interdisciplinary Council on Development and Learning – ICDL (dona das marcas DIR®, Floortime® e DIRFloortime®). Assim, apenas quem tiver curso reconhecido pela ICDL pode se dizer aplicador de DIR®Floortime®. O resultado disso é que, se só a ICDL pode dar o curso, é evidente que ele não será nada barato!
E aqui terminamos nossa série sobre os mais comentados métodos terapêuticos. Destaco que os métodos citados nessa jornada não são os únicos métodos, sendo que escolhi esses por serem os que têm sido mais comentados pelos pais. Gostaria, mais uma vez, de deixar espaço aberto para os profissionais da área ou pais que queiram complementar com algo! Igualmente gostaria de agradecer todas as mensagens enviadas desde o início do blog da Gazeta do Povo. Cada e-mail enviado, cada mensagem de facebook, cada recado deixado em meu escritório ajudou e ajuda muito a construção dos textos (e me deixa verdadeiramente emocionada).
Grande abraço!
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