TEACCH é uma sigla para Tratamento e Educação para Autistas e Crianças com Limitações (no inglês, handicapped) relacionadas à Comunicação. Alguém que aplique terapia TEACCH entende o autismo como desordem do desenvolvimento, que pessoas com autismo sofrem de um específico déficit relacionado à compreensão do significado expresso na comunicação e na interação social.
O método TEACCH fundamenta-se em pressupostos da psicologia linguística, da teoria comportamental e da psicopedagogia. Da psicologia linguística, vem a ideia de que a imagem é geradora de comunicação, já no âmbito comportamental, o profissional procurará a manipulação do ambiente para evitar a inserção nos comportamentos indesejados (sim, sim, no mesmo sentido que falamos no ABA anteriormente). Por fim, no que tange à linha psicopedagógica, trabalha-se concomitantemente com a linguagem expressiva e receptiva.
Assim como o método ABA, previamente descrito, o método TEACCH vai beber muito da fonte de pesquisa por amostragem para a estruturação de seu protocolo terapêutico. Nessas pesquisas, foi possível verificar que é preciso haver uma intervenção por parte dos pais e terapeutas para conferir um objetivo na ação da criança autista, pois a falta de tal “objetivo de ação” piora o comportamento estereotipado. Assim, terapeutas e família trabalharão para que a criança aprenda a determinar “onde”, “o que”, “como” e “quando” cada comportamento é apropriado (até aqui bem parecido com o ABA). Nesse objetivo, o terapeuta vai trabalhar com espaço físico bem delimitado, bem como em atenção extrema a fatores como “tempo”, “duração” e “material”.
As pesquisas por amostragem utilizadas para estruturação do método TEACCH ainda demonstraram que a maioria das crianças autistas possui melhor acuidade visual que os outros indivíduos e, por isso, nessa terapia busca-se sempre a utilização de materiais visuais em complementação ao estímulo verbal (isso para autistas verbais e não verbais). Busca-se por esse caminho a concretização da relação “nome-objeto-ação” e, assim, confere-se significação para as palavras e para a comunicação.
A estrutura de uma sala para aplicação de TEACCH possui os seguintes aspectos: local de atividades individual com o terapeuta, local para atividade em grupo, local para lanche, local para tempo livre. Note-se que o local para tempo livre não é um cantinho do brinquedo, mas um local onde tudo é minunciosamente selecionado para o que a criança gosta de fazer, tentando nessa seleção não propiciar à criança objetos que a façam entrar em estereotipia. Os terapeutas TEACCH comumente não intervêm no comportamento da criança nesse local, a fim de que a criança aprenda a discriminar o momento de atividades estruturais dos momentos livres.
Nessa terapia são utilizados estímulos visuais, corporais e audiocinestesicovisuais na busca de um desenvolvimento da comunicação, seja ela de formal oral ou alternativa. Como exemplos de estímulos visuais, temos fotos, figuras e cartões. Já por estímulos corporais, podemos citar os gestos ou o apontar. No que tange a estímulos audiocinestesicovisuais, podemos colocar sons, palavras, gestos associados a imagens etc. As atividades que vão ser desenvolvidas são indicadas por objetos ou imagens e não apenas faladas para a criança.
O terapeuta TEACCH ainda vai trabalhar com a questão de AVDs, ou “atividades de vida diária”, buscando fornecer à criança maior independência sistematizada. Assim, ensinar a se despir e vestir, a comer sozinha, a escovar os dentes etc. também são objetivos almejados pelos terapeutas TEACCH com seus pacientes.
É comum que a aplicação seja feita em grupo, o qual, em geral, conta com cerca de quatro a seis crianças. Aqui há um grande diferenciador da terapia ABA, a qual é aplicada obrigatoriamente de forma individual (de um para um) e primordialmente no ambiente natural da criança.
O que podemos notar é que o referido método usa como ponto inicial os potenciais relativamente bons da maioria das pessoas com TEA nas habilidades visuais, no reconhecimento de detalhes e memória. Assim, busca-se utilizar esses pontos a favor da criança.
O TEACCH também pressupõe adaptação do ambiente familiar – ou seja, pais, mães: hora de arregaçar as mangas! Mudanças têm que ser feitas em sua rotina familiar para que tenhamos uma aplicação de sucesso. E mudanças nem sempre são fáceis. O TEACCH leva em consideração um ambiente estruturado. Agora, essa estrutura é que é o problema (hehehe).
Sou sincera em dizer que, embora eu conheça (como a um leigo é permitido conhecer) o método TEACCH, não vivenciei as alegrias e dores do referido método porque não é um método que apliquei com minha filha. Já escutei muitos pais dizendo que foi a melhor coisa que aconteceu, e outros dizendo que não viram grandes resultados. Acho que tudo isso é muito subjetivo, afinal, depende da experiência do terapeuta, da própria criança, como e em que momento ela foi inserida nessa terapia. A maioria dos pais com quem conversei e que fazem ou fizeram esse método, elogiam.
Quanto às dificuldades dos pais, bom… Todo e qualquer método que aplique vai exigir uma entrega por parte da família, e isso é sempre cansativo. Assim, bem como eu às vezes canso de seguir as orientações oriundas do método ABA, escuto pais que estão exaustos por estarem sempre atentos para seguir à risca as orientações do método TEACCH. O que noto é que, ao que me parece, o método ABA exige que estejamos 100% do tempo com foco na ideia de aprendizagem sem erro, enquanto o TEACCH permite mais tempo livre para a criança. Posso estar errada, mas é minha impressão. Mas o fato é que toda a entrega familiar no processo, seja por um ou outro método, é sempre compensatória ao vermos nossos pequenos se desenvolvendo.
Por fim, a título de curiosidade, o TEACCH surgiu de uma maneira bastante peculiar. Na Carolina do Note (EUA), década de 1960, pais estavam indignados com a falta de atendimento educacional para crianças com Autismo. A pressão desses pais exigia uma resposta do Estado e da comunidade científica, o que resultou na criação do método TEACCH pelo Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina na Universidade da Carolina do Norte. Interessante, não é?
Lembrando sempre que o objetivo de nossas postagens não é defender esse ou aquele método, mas sim utilizar o espaço para que as pessoas conheçam um pouquinho mais sobre cada método. O espaço está sempre aberto aos profissionais da área e pais que queiram complementar algo! Quanto mais informação, melhor! A ideia do blog é essa, construirmos, todos nós, juntos, uma rede de informações acessíveis sobre autismo.
Seu filho fez ou faz TEACCH? Como foi/é sua experiência?
Espero que tenham gostado! Fiquem atentos às próximas publicações de segunda-feira para saberem mais sobre métodos de tratamento. Dia 13 de fevereiro, estaremos falando sobre Son-Rise.
Um grande abraço!
Grande abraço!
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