Já são nove horas da noite e o silêncio começa a imperar na casa. É a tal “paz de criança dormindo” de Dolores Duran na voz de Milton Nascimento. O silêncio externo, todavia é sempre motivador de reflexões internas. Dia do autismo! Caramba, é estranho pensar que houve um tempo da minha vida que eu não conhecia absolutamente nada sobre autismo. Hoje não tem um dia sequer que eu não fale essa palavra “autismo”.
O diagnóstico de um filho é sempre um momento de grande choque, desconhecimento e enfrentamento de sentimentos como medo, impotência, ansiedade. Mas o que não sabemos, sentados na cadeira do médico, escutando pela primeira vez “seu filho é autista”, é que essa simples frase nos insere em um novo mundo, como uma realidade paralela que embora diante de nós, não era antes enxergada.
Antes do diagnóstico de minha Gabriela eu já tinha um grande apreço pela pesquisa do princípio juridico do melhor interesse da criança e adolescente e na defesa de direitos de crianças e adolescentes. Mas mesmo assim, antes do diagnóstico eu nunca tinha parado para pensar nas dificuldades de inclusão de pessoas com autismo, nas necessidades de tratamentos especializados para pessoas com transtorno de desenvolvimento, nas dificuldades do dia a dia que pais e mães de crianças autistas encontram.
Antes do diagnóstico, autismo não era um assunto de meu interesse direto. Lembro ter visto uma reportagem aqui ou ali sobre o assunto, mas parecia algo tão distante. Hoje talvez seja uma das palavras que mais digo. Eu nem mais cochico “autismo”, como fazia nos meses que logo suscederam o diagnótisco; e falo do assunto com a normalidade de quem conversa sobre o que pretende comer na hora do almoço.
Não que eu tenha ficado insensivel ao fato de o autismo ser uma doença grave, mas o autismo virou o normal. A diferença virou normal. Saber a realidade das familias com filhos deficientes virou normal. Lutar para mudar esssa realidade virou normal. Eu não esqueço que existem familias autistas, mas as vezes esqueço que existem pessoas que ainda hoje vivem alheias a realidade.
O dia do autismo é uma oportunidade para informar pessoas que vivem alheias a realidade das familias de pessoas autistas. É o momento de informar sobre o que é o autismo, que não tem cura mas possuí tratamentos. É o momento de informar as dificuldades que famílias de autistas vivem, os direitos descumpridos, as mazelas esperimentadas, sensibilizando a todos por uma luta conjunta (seja a pessoa proxima ou não de alguém que tem autismo)
O dia do autismo é uma brecha nos programas de televisão, nas rádios, nas escolas… É a brecha de oportunidade para levar esse assunto para pessoas que nada entendem ou conhecem sobre autismo. É uma oportunidade para apresentarmos a necessidade uma sociedade mais inclusiva. O dia do autismo é um renovar das esperanças de que um dia a relidade vivida pelas crianças autistas seja um tema de amplo conhecimento e que a nossa luta seja partilhada mesmo por aqueles que não têm contato direto ou próximo com crianças com autismo.
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