Nas últimas postagens, viemos trabalhando com o tema AUTISTA e o MUNDO SENSORIAL. Para terminar nossa série de postagens sobre o tema, achei interessante compartilhar com vocês algumas brincadeiras que aprendi e que estimulam o desenvolvimento sensorial dos pequenos. São atividades simples, com poucos materiais, que podem ser feitas em casa. Embora tais atividades não substituam o tratamento adequado com profissional qualificado, tenho certeza que são como catalisadores que impulsionam o desenvolvimento, não só porque exploram os aspectos sensoriais, mas também porque representam momentos em família a serem guardados nas lembranças suas e de seu filho. Confira as atividades abaixo:
“Rema, Rema, pescador”: Sente-se em frente ao seu pequeno. Vocês dois devem ficar com as pernas quase esticadas. Encoste seus pés nos pés de seu filho e segure suas mãos (sua mão direita na mão esquerda dele, e vice-versa). A seguir, você deve balançar seu corpo: quando for para trás, seu filho vai ser puxado para frente e, quando for para frente, seu filho vai para trás. Então, para complementar, cante a música “Rema! Rema! Pescador… Leva o barco sim, senhor” (ou algo parecido, hehehe). Ok, talvez em alguns casos, dependendo da idade ou do grau de Autismo, isso pareça ser bastante difícil. Assim, meu conselho é: tenha calma. Definitivamente, não espere que essa atividade dê certo logo na primeira vez. Espere o tempo de seu filho, mas vá inserindo aos poucos a ideia. Talvez ele não queira pegar na mão na primeira vez, talvez fique ansioso para levantar. Vá aos poucos… Mas essa brincadeira não precisa terminar aí, não! Quando estiver conseguindo “remar” com ele, você pode complementar a ideia colocando uma lona no chão para representar o mar. É uma boa oportunidade para trabalhar com o lúdico também. E que tal – por que não? – colocar um pouco de água sobre a lona?! Ou, quem sabe, algum creme (antialérgico, se for o caso)?!
“Boliche”: Essa é bem comum. Você pode utilizar as garrafas de boliches de brinquedo ou mesmo garrafas PET. O bom de usar garrafas PET é que você pode fazer uma “pré-brincadeira”, fazendo seu filho ajudar a colorir as garrafas. É bem possível que ele não queira colorir tudo no mesmo dia. Tudo bem, não tem problema! Paciência é sempre a chave. Guarde as garrafas e vá colorindo aos poucos com seu filho, mesmo que vocês levem meses até seu boliche ficar pronto. O mais importante é que ele participou e coloriu. Na hora de fazer o jogo, basta organizar as garrafas no chão (como numa pista de boliche mesmo!), dar uma bolinha a seu filho e… PRONTO! Ou quase. É importante incentivá-lo a tentar acertar as garrafas com a bola. Se ele cansar da brincadeira, é hora de guardar tudo e deixar para outro dia. No caso da minha pequena, eu sentei em frente ao boliche enquanto ela desenhava e fiquei acertando as garrafas. Isso fez ela se interessar. No começo, mesmo quando ela não derrubava com a bola, ela corria até o boliche e derrubava tudo com a mão. E AINDA COMEMORAVA, A SAPECA! ROUBANDO NA CARA DURA! Tudo bem… Eu comemorava com ela. Assim, ela aprendeu bem rápido que objetivo era derrubar as garrafas. Então, depois que ela entendeu essa ideia, eu comecei delicadamente a restringir que ela derrubasse as garrafas com as mãos e, se ela fazia isso, eu ignorava. Daí ela, aos poucos, foi querendo jogar só com a bola, logo foi aumentando a distância… e começou a jogar bem direitinho! É claro que no final ela inventa, se joga nas garrafas, mas isso é coisa de criança, não é?! O importante é ter calma e ir ensinando e respeitando o tempo da criança. Vale também criar em cima: fazer bolas de diferentes texturas, fazer garrafas de diferentes pesos (recomendo um pouquinho de areia dentro para esse caso), envolver a garrafa com lixa etc. Como ter tempo de preparar essas coisas e ainda brincar com seu filho? Muito simples: utilize o tempo de preparar esse material como brincadeiras; afinal, pintar garrafas PET, colar lixa na garrafa, colocar areia dentro da garrafa ou qualquer outra ideia pode ser uma divertida brincadeira.
“Cabana”: Jogue um lençol (ou vários) sobre uma mesa, de forma que o lençol vá até o chão, como uma cabaninha. Pronto! Se seu filho tiver medo de entrar no começo, não ligue, isso é absolutamente normal, não é?! E, principalmente, não vá desistir por isso. Entre na cabana para mostrar que é seguro, converse com seu filho lá de dentro. Se ele não entrar na primeira vez, vá repetindo isso até ele se acostumar com a ideia. Quando ele topar entrar, aí você pode inventar mil coisas dentro da cabana. Colocar colchão ou edredom, colocar luz, brinquedos (com constante supervisão) – até TV eu já coloquei! Tente aos poucos inserir histórias, para que a brincadeira tenha um enredo. Essa atividade pode ser feita com crianças bem novas ou mesmo com pré-adolescentes, o que vai mudar é seu repertório e a variabilidade do que fazer dentro da cabana, o que deve sempre se adaptar ao repertório da criança.
“Carrinho de lençol”: Coloque a criança deitada sobre um lençol e arraste-o pela casa. Simples assim. Caso você sinta vontade de passar alvejante na parte de baixo do lençol para aproveitar e limpar o chão… CONTENHA-SE, PODE FAZER MAL À CRIANÇA! Mas que seria perfeito limpar a casa e divertir o filho ao mesmo tempo, isso seria! Quem sabe um dia!
“Balões no lençol”: Encha bexigas e coloque-as sobre um lençol. Balance-o para as bexigas voarem. Dependendo do repertório da criança, você pode propor que ela alcance as bexigas, que ela faça voar as que caíram no chão, etc. Enfim, essa brincadeira pode render várias. Mas cuidado: (1) se seu filho tiver sensibilidade auditiva, não será nada legal uma bexiga estourar; (2) se alguma bexiga estourar, pegue os resíduos do chão rapidamente, pois é muito perigoso engolir pedaço de bexiga (e não é só criança nova que já se engasgou com bexiga, não!).
Argila e massa de modelar: São ótimos materiais para brincar e se desenvolver! E outra coisa legal é que você pode brincar de fazer a massinha (uma boa oportunidade para seu filho lidar com materiais diferentes, entender que para fazer a massinha há um “passo a passo” e aprender a se programar). Para fazer a massinha, você vai precisar de 4 xícaras de farinha de trigo, 1 xícara de sal, 1 e 1/2 xícara de água, 1 colher de chá de óleo. Numa tigela grande, misture todos os ingredientes e amasse bem até ficar boa para modelar. Guardar em saco plástico ou vidro bem tampado. Para dar cor à massinha, compre corante para alimentos e adicione algumas gotas.
Se seu filho se demonstrar muito irritado durante alguma dessas atividades, é importante não o forçar a realizá-la. Afinal, o objetivo é fazer uma brincadeira que estimule, e não forçar a criança a fazer algo que ela não deseja, transformando o momento num estímulo aversivo. Se seu filho rejeitar algumas dessas atividades, informe aos profissionais que o atendem para que a questão que envolve o comportamento de aversão possa ser trabalhada em ambiente terapêutico. Ah! Cada uma dessas atividades deve ter um ingrediente especial: o amor!
As brincadeiras aqui descritas formam um compilado de brincadeiras que encontrei em diversos livros ou mesmo aprendi com profissionais da área. Se quiser aprender mais atividades que desenvolvam sensorialmente, recomendo um livro que eu gostei bastante: “Atividades Sensoriais. Na clínica, na escola, em casa”, por Aline Bueno Momo, Claudia Silvestre e Zodja Graciani.
E, com essa publicação, fechamos o conjunto de publicações sobre AUTISMO e o MUNDO SENSORIAL. Espero que tenham gostado! Na próxima postagem, vamos conversar sobre AUTISMO e ESCOLA. Aguardo vocês por aqui!
Grande beijo
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