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Diário de Autista

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O efeito Greta Thunberg

(Foto: Martin Ouellet-Diotte/AFP)

Quando Greta Thunberg discursou na ONU, eu imediatamente comecei a produzir um texto sobre o assunto. Porém, algo me deteve: havia em mim um instinto de que eu deveria esperar e observar como esse discurso era recebido. Eu não estava errada, e hoje penso que é mais importante falarmos sobre a reação ao discurso de Greta do que a menina em si. E não me entendam mal, Greta com certeza é uma figura interessante o suficiente para ser tema de qualquer pauta, mas talvez estejamos pensando demais nela e esquecendo de analisar como muitas pessoas têm se comportado diante dela. Assim, meses após seu discurso, ainda há memes pela internet afora desvalorizando a garota. Por isso, é importante analisarmos “o efeito Greta Thunberg”.

A partir do efusivo discurso na ONU, quem não conhecia Greta inevitavelmente passou a conhecer. Surgiram então aqueles que apoiam e admiram o trabalho da jovem, mas também aqueles que defendem ideias como a de que ela está sendo usada ou simplesmente que atribuem a ela um rótulo de ignorância em virtude de sua idade, de seu posicionamento, de seu discurso. Em muitos dos comentários negativos (e diversos ataques mesmo) à jovem, vejo que há uma grande dose de destempero: ou se esquece que Greta está na juventude, negando-lhe completamente o cuidado que devemos ter ao falar dela por se tratar de alguém ainda em processo de amadurecimento; ou se trata ela como uma criança de berçário simplesmente por ter autismo. É preciso mais lucidez para compreender quem é essa garota.

Os primeiros comentários (temporalmente falando) que me assustaram foram aqueles que a desclassificavam. E, nesse aspecto, não se relaciona com o autismo de Greta minha indignação. Eu não consigo entender como pessoas adultas, em sã consciência, chamam uma jovem de 16 anos de “retardada”, “imbecil” ou “lixo” – como muito se pode ver em múltiplos comentários pela internet. Você pode não concordar com o que ela diz, mas xingá-la ou proferir frases que a diminuam é algo... patológico! Sim, “patológico” é a palavra! Se você vê uma menina de 16 anos lutando por uma ideia (coletiva, diga-se de passagem) e, como primeiro impulso, a xinga, ao invés de – lucidamente – dizer “interessante uma garota de 16 anos lutar por um mundo melhor, porém acho que ela está equivocada 'nisto'/'naquilo'/etc.”, você realmente deveria procurar auxílio profissional.

Alguém que tem a necessidade de xingar uma jovem de 16 anos é alguém que quer “biscoito”, que quer chamar a atenção. E, para minha surpresa, há muita gente que quer chamar a atenção! Eu honestamente sinto um pouco de "vergonha alheia" de quem perde a compostura dessa forma. Eu jamais atacaria um(a) jovem de 16 anos por suas ideias. E, se eu considerasse (ou seja, por meu julgamento pessoal) suas ideias erradas, eu apenas expressaria minha opinião calma e mansamente com argumentos. E eu o faria assim simplesmente porque eu não tenho 16 anos, eu tenho mais, e nesse tempo a mais de vida, ganhei de presente da experiência a capacidade de lidar com gentileza com aqueles com quem discordo.

Modéstia à parte, eu conheço bastante a estrutura da comédia e, por ser uma leitora ávida, tenho facilidade para a escrita. Se eu quisesse simplesmente “biscoito”, seria muito mais fácil para mim escrever sobre Greta (seja ridicularizando-a, seja ridicularizando quem fala mal dela). O conteúdo teria alguma utilidade pública? Provavelmente não. Eu possivelmente machucaria o coração de outras pessoas no processo? Provavelmente, sim. Mas meu biscoito eu ia conseguir! Até porque infelizmente a sociedade tem se contentado com pouco para dar biscoitinhos de montão.  Mas eu prefiro um texto não-comercial, longo e explicativo, porque “lacrar” falando bosta não vale a pena. Eu prefiro falar com calma, porque o assunto exige calma, exige seriedade, exige paciência.

E alguém pode estar pensando “Ah... Mas a Greta intimidou aqueles que têm opinião diversa...”. Contexto! Analise o contexto! Ela está em um discurso na ONU, com a capacidade de falar para o mundo. Ela não está comentando o discurso da colega, ela está militando pelo que acredita. Se você estiver num discurso na ONU sobre um tema tão polêmico e falar de forma acalorada sobre sua militância, não consigo vislumbrar nada mais plausível. O que é absurdo é usar redes sociais/jornais/televisão como palco para um ataque desumano contra Greta, sem refletir-se de forma calma e lúcida sobre concordâncias ou discordâncias sobre seu discurso.

Qual a sua desculpa para xingá-la? Porque eu não consigo realmente entender uma pessoa adulta que se preste a ficar desqualificando uma menina de 16 anos. Se não concorda com a posição dela, faça um texto, um vídeo, um discurso – sei lá! – falando sobre o tema, mas não falando sobre Greta. Para quem está agindo dessa forma, se posso dar um conselho é o seguinte: ganhar visibilidade (seja nas redes sociais, entre seus amigos, seja para um público maior) não compensa diante da vergonha de ser uma pessoa adulta atacando uma jovem através de argumento ad hominem. Atacar a pessoa não é atacar o argumento. É só uma maneira infantil de pedir atenção e de demonstrar completa incapacidade argumentativa.

Mas, após esse primeiro choque que tive com esse perfil de comentário, outros modelos de manifestações surgiram, que me preocuparam mais ainda: a pontuação de que Greta está sendo usada por ser uma pessoa com autismo. Acho que, em primeiro lugar, devemos entender se Greta está ou não sendo usada, independente do Autismo. E eu tenho uma grande notícia: todo orador que defende um ideal de forma a comover um grande público acaba por, em algum momento, ser usado, saiba ele ou não, seja ele de direita ou esquerda, liberal ou conservador, novo ou idoso, neurotípico ou deficiente.

Muitos bradam sobre interesses de corporações econômicas que se utilizam do discurso ecológico para direcionar interesses de controle e investimento. Eu não vou dizer que isso existe, e nem que não existe. Mas é bem possível que haja interesses por trás. Porém, haver interesses de terceiros não traz necessariamente a ideia de que certo defensor dos direitos ambientais esteja sendo usado, e nem invalida a necessidade evidente de cuidados com o meio ambiente. Interesses perversos podem estar por trás de uma verdade. Em outras palavras, a existência de grupos se utilizando da bandeira da necessidade de preservação ambiental para interesses econômicos não invalida o fato de que existem pesquisas que demonstram a necessidade de uma mudança de comportamento para preservação de nosso planeta.

Vamos analisar esse cenário por um exemplo não verídico, mas bastante ilustrativo: Eu luto pelos direitos de pessoas com autismo, dentre eles, que autistas precisam de tratamento. Vamos supor que lancem um medicamento "mágico", chamado abracadabrol. Um dos componentes do abracadabrol é uma matéria prima extraída apenas pela “empresa X”.  Fazem testes dos medicamentos e, diante disso, realmente verifica-se que o tratamento funciona e é uma inovação - é uma cura.  Mas vamos supor que não estão oferecendo esse abracadabrol no SUS. Evidentemente, grande parte da minha militância vai ser para divulgar o direito de acesso ao abracadabrol.

A “empresa X”, que produz a matéria prima do abracadabrol não está nem aí para o Autismo, e só quer vender a matéria prima. Ela não tem um objetivo social, inclusive, o dono da empresa é o Capitão Gancho – um homem sem escrúpulos, que só visa o lucro e odeia crianças. A “empresa X” vê em mim uma oratória que a agrada, afinal a minha luta social de alguma forma vai ajudar nos investimentos. Se eu lutar pela saúde, e a cura do autismo exige o abracadabrol, eu estarei indiretamente ajudando a empresa. E mesmo que eu não conheça ninguém da “empresa X”, mesmo que eu não conheça ninguém que participa da produção do tal abracadabrol, essa empresa começa a pressionar para que eu seja ouvida em grandes palanques.

E, nesse cenário, me chamam para falar no “Grande Fórum Mundial de Autismo” (evento utópico), onde vou falar para o mundo todo. As TVs do mundo inteiro vão parar a programação para me ouvir. Eu posso até saber que possivelmente eu estou ali também pela pressão da “empresa X”, mas, independentemente disso, eu faria O DISCURSO DO SÉCULO em prol dos direitos dos autistas. Com o mundo todo me ouvindo e eu podendo falar sobre o tema mais caro da minha vida (“direito de autista de acesso a saúde”)? Ora, eu não tenho sequer parâmetros para dizer o quanto eu ia lutar em cada palavra. A Janaína Paschoal ia me achar “over”, tamanha a surra mental que eu ia dar. Eu ia girar uma bandeira do autismo sobre minha cabeça, com certeza. Afinal... Essa é uma luta minha, e eu acredito nela. Eu faria isso porque eu tenho um ideal, independente dos interesses dos outros. Eu estaria pouco me lixando se ia ser bom para a empresa X, eu estaria feliz porque eu fiz algo pelo que acredito.

Nesse exemplo, fica claro: não é porque havia interesse da “empresa X” que a necessidade do medicamento abracadabrol não era legítima. Interesses escusos não deslegitimam o argumento em si. A deslegitimação do argumento é por outros argumentos vinculados a mesma temática. A questão ambiental não se resume há se há "interesses por trás", porque, afinal, seja qual for o entendimento que se apresente, sempre haverá desconfianças ou certezas de interesses derivados. A preservação do meio ambiente é debatida em argumentos que devem ser oriundos de pesquisas científicas sérias. O caminho certo a se tomar será o apontado pelos estudos científicos e, para saber se um estudo científico é adequado, é preciso verificar se houve pesquisa preferivelmente randômica, e a quais variáveis essa pesquisa se atenta (resumidamente falando sobre o tema de leitura consciente de dados de pesquisa).

Se nos atermos a dados e dos dados partirmos para um debate construtivo, apontaremos novos rumos para nossa sociedade. Se refutarmos argumentos dizendo que há interesses escusos, esqueceremos de debater os argumentos efetivamente apresentados, e não construiremos um consenso. Eu tenho muitas ações contra planos de saúde, e é evidente que o grande interesses dos planos de saúde é ter o menor gasto possível com os beneficiários, aumentando ao máximo a lucratividade; porém, em uma audiência de conciliação, se eu me limitar a ficar dizendo que "eles têm interesses econômicos!" e usar isso como argumento, esqueceremos de conversar sobre um ponto central que é o direito ou não de acesso ao tratamento através de uma interpretação legal, e como podemos viabilizar uma solução amigável do conflito.  A resposta está no diálogo que se atenha ao objeto, buscando embasamento científico para dar parâmetro à discussão.

Se eu falar que devemos tomar medidas imediatas para reduzir o CO2, embasando minha afirmação na pesquisa “x”, a réplica será que meu argumento é falho porque "há interesses de grupos econômicos que pretendem dominar o mundo através da divulgação de uma falsa necessidade de redução de poluentes". Se eu disser que tá ótimo o CO2, embasando minha afirmação na pesquisa "y", a nova réplica será que meu argumento é  falho porque "há interesses de grupos econômicos em que a redução de CO2 levaria a investimentos altos de adequação da produção, gerando diversos custos à empresa, aumentando o valor de produção e diminuindo a margem de lucro. Porém, a saída é simples: pegar as pesquisas "x" e "y" e analisar qual delas levou em conta mais variáveis, qual utilizou técnicas mais precisas, qual tem um melhor material de embasamento, etc. E, diante dessa análise, será fácil concluir qual caminho devemos tomar.

Com relação a argumentos ideológicos que possuem interesses de terceiros vinculados (sendo esses interesses não correlatos à ideologia sobre a qual se argumenta), vale ressaltar que,  toda vez que você se manifesta sobre um ideal (seja qual for), isso será usado na forma de números e dados para fundamentar algo sobre o qual alguém tem "um interesse por trás", sejam esses interesses políticos ou econômicos, e concorde você com esses interesses ou não. Se você for se calar simplesmente porque sua opinião pode ser usada para fundamentar um interesse de terceiro alheio ao foco de sua argumentação, você viverá sem se comunicar. Você se expressa justamente para expressar seus ideais, e o nível de divulgação que dão às suas ideias envolve, dentre muitos fatores, também o interesse de outras pessoas. O argumento, contudo, não é automaticamente invalidado por este fato.

Assim como Greta na defesa do meio ambiente, outras figuras que defendem justamente que “não há motivo para tanta preocupação com o planeta”, também têm os seus discursos propulsionados por interesses de terceiros. Inclusive, os discursos contrários a Greta também têm recebido destaque justamente por interesses políticos e econômicos, afinal, muitas medidas ambientais atingem interesses de diversos setores da economia pátria e de outros países. Há uma utilização da imagem e do discurso de várias figuras públicas que militam por alguma causa, e isso acontece com temas caros à esquerda e à direita, a conservadores e a liberais. Mas, se quem discursa está tendo seu discurso usado por terceiros, isso é algo em segundo plano quando comparado ao ideal da pessoa que discursa e ao fomento a um debate argumentativo saudável.

A utilização da imagem de Greta ou dos seus ideais não é privilégio dela, mas de qualquer um que suba em um grande palanque – qualquer um, independente da ideologia que esteja defendendo e da pureza da intenção em defendê-la. Porém, usar uma ideia não é o mesmo que usar uma pessoa. E você? não tinha ideais com 16 anos? Ela é jovem e devemos acompanhar se os ideais de Greta se modificarão ou intensificarão com o passar do tempo e a maturidade. Porém, ela já tem capacidade para pensar criticamente. Ou será que não? Será que ela ser autista tira dela essa capacidade?

Uma pessoa de 16 anos já pode votar no Brasil, logo, é intuitivo que em nosso sistema jurídico acreditemos que uma pessoa de 16 anos possa ter opinião política e ideológica. Vale mencionar que nosso sistema jurídico não veta que autistas de 16 anos possam votar. Logo, igualmente temos que admitir a capacidade de Greta, ao menos do ponto de vista jurídico, de se posicionar e ter uma visão interpretativa da realidade. Mas, é possível que mesmo o argumento da lei não convença alguns, então, vamos pensar no “autismo” em si.

Existem autismos de vários graus, e o autismo, por si só, não tira a capacidade de Greta de construir um pensamento próprio e fundamentado. Já vi comentários no sentido de que o fato de crianças autistas terem tendência a fixação e interesses restritos faria de Greta uma “aficionada por questões ambientais”, que seriam seu ponto de fixação. Mas isso por si só não interferiria na capacidade argumentativa. Se isso fosse um ponto de interesse restrito, deveriam seus pais apenas se preocupar com que ela aumente seu rol de interesses, mas não seria plausível um trabalho para causar “desinteresse” pelo meio ambiente, ou por seus ideais.

Existem aqueles que apontam que, por ser autista, Greta seria facilmente influenciável. Não necessariamente. Inclusive, pessoas autistas em geral são pragmáticas e tiram suas conclusões através de dados oriundos de pesquisas, sendo, em geral (justamente por seu pragmatismo), bastante criteriosas com quais pesquisas utilizar para extração de seus dados. Ouvi, ainda, que autismo, por ser uma deficiência, tirava de Greta a capacidade de uma compreensão exata do que estava acontecendo. E, sobre isso, só há uma resposta possível: procure estudar antes de falar de autismo – e não digo "pesquisar no Google", eu digo realmente estudar o tema, debruçando horas e mais horas sobre livros e artigos, procurando conhecer pessoas com autismo. Mas, por favor, para quem não conhece o tema, parem de falar como se o conhecessem, porque não é meia hora de pesquisa na internet que vai fazer você entender as pessoas com TEA.

Eu poderia passar horas e mais horas aqui falando sobre o que li em comentários e postagens em que se falava de algum sintoma de autismo para desqualificar Greta. Mas, como é impossível falar tudo, resumo à lei: a pessoa ser deficiente em nosso direito pátrio não a correlaciona como incapaz. E, se posso adicionar algo, é que toda vez que alguém diminui uma pessoa com autismo por desconhecimento do diagnóstico, contribui para a perpetuação de uma cultura que segrega o autista da sociedade. Entenda, se você não é autista, mãe de autista, médico neuropediatra, profissional da área de saúde que trabalhe com autismo, este não é seu lugar de fala, logo, cuidado com o que diz; não tente definir a nós/nossos filhos/nossos pacientes, a partir de conceitos pobres e que apenas ofendem e maculam a busca de uma sociedade mais inclusiva.

Outro tipo de comentário que tenho visto bastante é a tentativa de correlacionar os sintomas de pessoas com autismo com características extraídas do discurso da Greta. É interessante o tema, e até tentador. Um dos tópicos que mais vi é pessoas que questionavam o porquê ela era tão expressiva se tem autismo, e outras informavam que são expressões simuladas, e explicavam que não seria natural dela, mas algo aprendido. Mas, no fim das contas, que diferença faz? O espectro autista é muito amplo e a manifestação do autismo se faz de diferentes formas. E ela foi falar sobre meio ambiente! O fato de ela ser autista é interessante, ao meu ver, apenas para demonstrar que pessoas autistas podem, sim, se engajar, incentivando, indiretamente, a busca de tratamento e luta pela independência da pessoa com autismo.

O complicado desses comentários é que me fazem sentir que o autista ainda precisa de uma validação externa para seu discurso. Ou seja, a sociedade precisa validar se o autista tem a possibilidade de pensamento crítico, o que não aconteceria com uma pessoa neurotípica. Se uma pessoa sem autismo fosse à ONU discursar, as pessoas com autismo não iam dizer: "legal, mas tem que ver se ela, por ser neurotípica, chegou a certas conclusões sozinha, sem ser influenciada... afinal, ela é neurotípica né". Isso é preconceito e ignorância, e precisamos lutar contra isso. Há um youtuber chamado Willian Chimura (autista), que falou muito bem sobre esse aspecto no seu canal: https://www.youtube.com/watch?v=0Feo-fh_7TQ. Inclusive, ele aborda a questão da idade da Greta de uma forma que realmente conflui muito com o que eu penso.

Por fim, outros comentários bastante irritantes foram os que, numa toada mais de teoria de conspiração, questionam se ela sequer tem autismo, dizendo que há "uma jogada de marketing por trás". É muito triste para a comunidade autista que as pessoas considerem que alguém que demonstre capacidade crítica não pode ser autista. Negar o autismo dela é inferiorizar os autistas e é uma mácula à sociedade de pessoas com TEA. Sobre isso,  apenas vou citar o escritor, jornalista, palestrante e youtuber Vitor Mendonça – autista: “Dito isso, o que me deixa triste mesmo é perceber como esses ataques são carregados de estereótipos e preconceitos, seja daqueles que não acreditam que Greta seja autista por se articular bem em público, seja daqueles que a veem como uma jovem manipulada devido à sua condição. Mais que isso, trata-se de uma forma de calar uma voz que tem muito a dizer, embasada por pesquisas vindas de seu próprio hiperfoco, e não pode ser silenciada.” - https://mundoasperger.com.br/greta-thunberg-autismo-e-ativismo-nao-vao-nos-calar/

Pessoas ofendendo uma menina de 16 anos por fazer um discurso em defesa de seu próprio planeta, nosso planeta; pessoas questionando o autismo baseando na premissa (velada ou não) de que um autista não seria capaz de pensamento crítico, pessoas apontando que, por ser autista, Greta seria facilmente manipulável. “Isto está completamente errado”. É hipócrita que, numa sociedade em que as pessoas são capazes de atacar outras, independentemente da idade, simplesmente por não concordarem com sua argumentação, se espere que o futuro seja a juventude. “Como vocês ousam?”. Nós temos uma jovem autista que se dispõe a lutar por um ideal e, ao invés de debater seus argumentos sem atacar a pessoa que argumenta, “tudo o que vocês fazem é falar de dinheiro e de contos de fadas sobre um crescimento econômico eterno. Como vocês ousam?”. “Mas, não importa o quão triste e furiosa eu esteja, eu não quero acreditar no que dizem. Se vocês realmente entendem o que está acontecendo e continuam falhando em agir, vocês seriam um mal. E eu me recuso a acreditar nisso.

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