As dicas que vou dar aqui servem para crianças autistas e também para crianças com TOD. É uma lista de coisas que geralmente não funcionam com estas crianças. Vamos lá:
- Gritar de outro cômodo: Não adianta gritar de outro cômodo “Fulaninho, não faça isso!”. Esquece. Você terá que ir até lá, ficar olhos nos olhos na altura da criança e falar de forma direta.
- Mil palavras: Não adianta falar mil coisas para chamar a atenção ou pedir alguma coisa. Você precisa ser claro e direto. Eu procuro usar quatro palavras no máximo nesses casos, sempre que possível.
- Ironia: Não adianta falar, quando a criança desobedece e quebra algo, por exemplo: “Parabéns, olha só o que você fez!”. Não, colega! Corre o risco de a criança achar que está fazendo a coisa certa. Não faça isso.
- Gritar, falar com voz ameaçadora: Não! Você pode inclusive piorar a situação. Lembre-se sempre que não importa o quão frustrado ou cansado você esteja, perder a razão não é caminho para melhorar a situação. Você pode ser firme e doce ao mesmo tempo.
- Ceder: Se você disse “não” e depois volta atrás por uma crise, você só está literalmente ensinando ao seu filho que basta ele ter uma crise que vai conseguir o que quer.
- Castigos e punições: podem até funcionar a curto prazo, porém, a longo prazo, são inefetivos. A saída efetiva a longo prazo é ensinar a criança a lidar com seus sentimentos e reforçar os comportamentos positivos.
- Sair fazendo todos os tratamentos do mundo, mesmo que não recomendados pelo médico: O primeiro passo é achar um bom médico, em quem você tenha confiança. Mas, a partir daí... confie no médico! Não saia fazendo tratamentos que não foram receitados. Siga o que o médico receitou!
- Tempo livre no YouTube: Não adianta deixar seu filho com tempo livre de exposição à aparelhos eletrônicos e achar que está tudo bem. Não está! Pode virar uma estereotipia, pode fugir do seu controle. Além disso, você perde de conectar seu filho ao mundo real.
Estas são apenas algumas dicas do que não fazer, coisas que aprendi a duras penas ou com outras mães e pais e que espero que possam auxiliar de alguma forma a você, leitor(a). Mas, lembre-se sempre: quem é mais indicada a orientar sobre o que fazer e o que não fazer é a equipe interdisciplinar que acompanha seu filho no tratamento!
Quer sugerir um tema ou contar sua história? Quer partilhar como é ser autista ou sua vivência como pai/mãe de uma criança/adolescente com autismo? Vou adorar ouvir você! (contato@baptistaenascimento.com.br)
Hanna Baptista – redatora do Diário de Autista, advogada, e mãe de uma linda criança autista.
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