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Vamos falar sobre isso

Image by Anemone123 on Pixabay (Foto: )

Crianças e adolescentes autistas, diante da dificuldade de interpretar situações objetivas, diante do modo pragmático de interpretar as coisas e frente a uma comum dificuldade de comunicação, estão mais suscetíveis a serem vítimas de abuso sexual. Esse é um tema bem delicado, pois só de pensar em algo tão horrível, pais e mães se desesperam. Mas precisamos falar sobre isso, principalmente para prevenir e para orientar nossos filhos.

Primeiro, é importante que nós, mães e pais, tomemos a consciência de que o abuso sexual geralmente vem de pessoas próximas ou conhecidas. Muitas vezes achamos que proteger nossos filhos de estranhos é o suficiente, que se estivermos sempre ao seu lado quando a criança está na presença de um estranho tudo estará resolvido. Há muitos relatos como “eu nunca poderia imaginar que aquela pessoa faria aquilo” ou “eu confiava plenamente nele/nela”.

Assim, a solução é a prevenção. É conversando com a criança e o adolescente sobre o tema, em uma linguagem acessível, apropriada para a idade. É preciso que a criança tenha consciência de que o corpo dela não pode ser tocado em regiões íntimas por um terceiro. E, nesse aspecto, surge a dificuldade de proteger crianças e adolescentes com autismo desse crime horrível. Mas é possível!

Diversas crianças com autismo têm dificuldade de reconhecer de forma plena seu próprio corpo, e aí já surge o primeiro passo. É muito importante um trabalho terapêutico e familiar para que a criança aprenda a reconhecer seu corpo, nomear as partes de seu corpo. Ainda, é bastante comum que crianças autistas tenham a dependência de serem vestidas e limpas por terceiros. Nesse sentido, é muito importante um trabalho de conscientização sobre quem pode auxiliar nessas tarefas, bem como trabalhar ao máximo na independência da criança para tomar banho, vestir-se, limpar-se após ir ao banheiro.

É comum que nós, pais, nos preocupemos com a fala e a comunicação de tal forma que vilipendiamos a necessidade de ensinar a criança a ter independência nas suas atividades de vida diária, como alimentação e higiene pessoal. Todavia, quanto antes a criança tiver plena capacidade de se vestir, de se limpar, de se lavar, mais protegida e segura estará. Terapeutas Ocupacionais e Psicólogos especializados costumam ser ferramentas importantíssimas para o alcance desse objetivo.

A criança deve aprender a reconhecer aqueles pontos do corpo que não devem ser mostrados ou tocados frente a um terceiro. Nesse sentido, é possível a utilização de imagens (cartões de aprendizado). Fazer uma atividade para a criança apontar os pontos no corpo que ela não pode deixar ninguém ver é essencial. A equipe terapêutica da criança poderá ajudar muito nessa tarefa.

Ainda, devemos estar muito atentos aos sintomas. Crianças com autismo comumente têm dificuldade de relatar situações. Se já é extremamente complicado para uma criança que sofreu abuso relatar isso, imagine para uma criança com autismo. Assim, devemos estar atentos às pequenas mudanças. Existem os sinais físicos e psicológicos. Dentre os sinais físicos, devemos estar atentos a dor abdominal e na região genital, dificuldade para defecar, sangramento anal ou vaginal. Dentre os sinais psicológicos, há a masturbação compulsiva, sinais de agressividade, mudanças muito grandes de comportamento aparentemente sem justificativa, regressão do desenvolvimento. É claro que não é porque a criança apresentou alguma dessas características que houve abuso, mas devemos analisar seu comportamento e seu estado físico em um conjunto e ficarmos sempre atentos.

Sabendo de um abuso sexual contra seu filho ou com outra criança, denuncie imediatamente. Esse tipo de crime não pode permanecer nas sombras e a criança precisa ser protegida. Nesses casos, disque 100. Todos devem se engajar na construção de uma sociedade em que a criança esteja protegida!

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