• Carregando...
“A base emocional de uma pessoa é construída durante os primeiros quatro anos de vida”
| Foto:
Gabi Malafaia/Divulgação
“O fator mais importante sobre ensinar um bebê a dormir é a previsibilidade.”
Mariana Alves

Como escrevi na semana passada, estou com um pequeno adolescente em casa, o que resulta em uma mãe desesperada por uma orientação definitiva para lidar com tudo isso. Instinto materno ajuda, claro, mas orientações são sempre bem vindas. Nessa minha busca, encontrei a Mariana Alves, que ministra cursos e presta consultoria para ajudar os pais a lidar com algumas fases complicadas dos pequenos.
Na entrevista a seguir, a Mariana explica que nessa transição entre bebê e criança, os pequenos são chamados de toddler e que essa fase vai até os quatro anos – sim, é verdade! Ela também dá dicas de como lidar com as birras, treinar o sono dos bebês e perceber o momento do desfralde. Mariana ainda nos conta sua opinião sobre o uso da tão polêmica chupeta. Espero que aproveitem, mamães:

No momento, meu filho está passando pela chamada adolescência do bebê, até relatei isso aqui no blog. A minha maior dúvida é: tem um jeito certo de lidar com as birras?
A adolescência do bebê acontece dos 18 meses até o quarto ano. Nesta fase, o toddler deixou de ser um bebê, mas ainda não se tornou uma criança. Por isso usamos a palavra toddler para descrever estes pequenos, adolescentes rebeldes. Durante este período, o toddler tem o árduo trabalho de alcançar o marco do alto controle. Alguns aprendizados importantes deste marco no desenvolvimento infantil são; aprender a regular suas emoções, lidar com frustrações e expectativas, o cultivo da empatia e o aprendizado do uso adequado do banheiro. Toda a base emocional de uma pessoa é construída durante os primeiros quatro anos de vida, por isso a maneira de lidar com as birras deve ser definida de acordo com o temperamento e personalidade do toddler. Existem vários tipos de consequências usadas para auxiliá-lo a alcançar este marco, as mais usadas pelos pais são: as consequências lógicas, quando a consequência é diretamente relacionada ao comportamento. Por exemplo, jogou suco no chão, precisa limpar. Também existem as consequências naturais. Nesse caso, os pais decidem não interferir. A criança se joga no chão, os pais fingem não ver ou a criança não quer comer, os pais deixam com fome até a próxima refeição. E também há a perda de privilégios. Essa é a consequência mais usada pelos pais e, normalmente, não surte efeito por ser usada excessivamente. Como o cantinho do pensamento, retirar o brinquedo, deixar sem privilégios. A melhor maneira de lidar com as birras é utilizar uma combinação de consequências de acordo com a gravidade do comportamento, o temperamento e personalidade do toddler.

E os ataques de choro? Como reagir quando o toddler passa horas chorando?
Muitas famílias optam por conversar com seus toddlers em momentos de crise. No papel, esta parece uma ótima maneira de reassegurar a criança que seus sentimentos foram reconhecidos, mas na prática isso muitas vezes torna o choro mais intenso e a reação da criança mais agressiva. Este é o momento que penso na sigla TNST, que significa Tudo No Seu Tempo. Quando você está brava você quer alguém te agarrando, te beijando e conversando com você? Provavelmente não! Certo? Então use a sigla TNST. Quando o toddler começar a chorar diga firmemente, na sua altura, que você compreende seu sentimento e que quando ele estiver mais calmo vocês vão conversar. Observe o ambiente e garanta que ele está em um espaço seguro e saia de perto. Depois, deixe que o toddler venha até você, aí sim verbalize seu sentimento sobre o comportamento dele. Isso não deve passar de 5 minutos. Use poucas palavras que descrevam seus sentimentos e os sentimentos da criança de forma simples.

Voltando uns meses antes na vida do bebê, muitas mães reclamam que os filhos recém-nascidos não dormem bem. Como treinar o sono do bebê recém-nascido?
O fator mais importante sobre ensinar um bebê a dormir é a previsibilidade. Ter uma rotina diária é a chave para estabelecer bons hábitos diurnos e noturnos. Também é preciso ter bom senso e compreender que as necessidades de sono de um bebê são diferentes das de um adulto e que a fase em que o bebê se encontra irá afetar seu sono drasticamente.

E qual o padrão esperado para o sono dos bebês?

Os primeiros três meses são marcados por mamadas irregulares, choros inconsoláveis e sentimento de impotência por parte dos pais, o que naturalmente implica que a maioria dos bebês irá prolongar o sono a no máximo três ou cinco horas por noite. Em alguns casos, nem isso acontece. A partir to 3.º até o 6.º mês, o bebê entra em fase de noites prolongadas. É quando ele deve aprender a prolongar o sono por cinco a oito horas seguidas por noite. Suas sonecas diárias continuam longas e seu tempo acordado continua relativamente curto. Do 6.º ao 9.º mês, o bebê deve prolongar o sono de oito a doze horas por noite, sem mamadas. O tempo acordado se torna mais comprido, mas as sonecas continuam importantes para seu bem estar. Finalmente do 9.º mês ao 1.º ano, o bebê deve alcançar seu objetivo de dez a doze horas de sono continuo por noite e uma soneca diária com até 2 horas de duração.

E quem não treinou o sono do bebê, ainda tem saída?

Sim, existe saída! O passo mais importante é implementar uma rotina diurna que inclui sonecas, refeições e atividades. Garantindo as necessidades básicas do toddler de acordo com sua idade. Depois, definir uma rotina noturna que acontece todos os dias no mesmo horário que inclui banho, mamar e cama. Finalmente definir o que será feito sempre que o toddler acordar, no meio da noite. É essencial ser previsível e consistente. Esta é a etapa mais importante.

Essa rotina do meio da noite pode incluir a mamadeira?

É bom evitar o uso de mamadeiras para induzir o sono, isso ensina ao toddler que suas frustrações são recompensadas com alimentos.

Falando em sono, qual sua opinião sobre a chupeta?
Estudos recentes comprovam que o uso da chupeta pode ser um dos fatores responsáveis pela diminuição do índice de morte súbita infantil. Sou a favor do uso para bebês até o sexto mês de vida. Idade em que a necessidade de sucção ainda influência no conforto da criança. Após esta idade, sinto que a chupeta pode se tornar um malefício tanto para o desenvolvimento do bebê quanto para os pais que se tornam “escravos da chupeta”. Mesmo assim, não condeno o uso, só acredito que sexto mês seja uma ótima época para eliminar o uso sem causar traumas.

Quais são os sinais de que o pequeno está pronto para deixar as fraldas?
Cada toddler irá demonstrar que está pronto para tirar as fraldas de maneiras e em momentos diferentes. Por isso, recomendo que os pais não terceirizem esta etapa tão importante. Alguns sinais de que o toddler está pronto para tirar as fraldas são: avisar que está fazendo xixi ou cocô, se tornar curioso quando vê os pais indo ao banheiro, tirar a própria fralda, expressar vontade de não usar mais fraldas, se interessar por suas partes intimas e querer usar cueca ou calcinha.

E como evitar que essa transição seja traumática?

Para evitar trauma, é importante ter certeza de que vocês (pais) estão prontos. Uma vez que vocês decidirem retirar as fraldas, é importante manter a decisão. A inconsistência das atitudes pode agravar a segurança do toddler em relação ao uso do banheiro. Tire três dias seguidos para fazer esta transição e mantenha o entusiasmo, apoie as conquistas e os fracassos.

Para quem quiser entrar em contato com a Mariana e saber mais do seu trabalho, o e-mail dela é: contato@thebabycompany.com.br

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]