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Dia de mãe
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Arquivo Pessoal
José Fernando no dia da minha estreia como mãe.

Sexta-feira. Chego à minha casa por volta da meia-noite já pensando que no outro dia bem cedo tenho de estar de volta ao trabalho. Mal abro a porta e escuto um chorinho. José parece adivinhar que eu cheguei. Subo as escadas, entro no quarto dele. Vejo aqueles olhinhos sempre espertos surgirem sobre a grade do berço. O choro cessa e ele estende os braços.

Pego José e logo ele pede o seio. Mais por saudade do que fome. Ele parece adormecer, tento colocá-lo no berço, ele chora. Sei que quer ir para a minha cama. Coloco José aconchegado nos braços do pai e vou tentar trocar de roupa para poder dormir. Mesmo no escuro ele sabe que eu saí do quarto, abre o berreiro. Volto em menos de cinco minutos, mas pelo choro parece que fiquei uma eternidade distante. Depois que volto, ele ainda choraminga, se revira pela cama. Ficamos assim até às 3h da manhã. José está com insônia.

Às 7h30 ele acorda com fome. Mama a mamadeira que rejeitou no meio da madrugada. Dá um suspiro de satisfação e volta a dormir agarrado em mim. Tento sair da cama para me arrumar e ir trabalhar. Saio uma vez, ele chora. Na segunda tentativa, mais lagrimas. Só na terceira vez e com um atraso de quase meia hora eu consigo deixar a cama sem José cair em lágrimas.

Às 8h45 José Fernando acorda. Está mais esperto do que eu, que ainda preciso de um café para começar a raciocinar direito. Ele liga e desliga a tevê – sua nova diversão –, vê o telefone e fala “alô!” – sua primeira palavra –, percebe que a porta da casa está entreaberta e insiste em ir lá fora brincar com o cachorro – que parece farejar pela fresta a oportunidade de fazer bagunça.

Saio para trabalhar exausta, e sei que o dia está apenas no começo. Nada me garante que nessa noite não tenhamos mais emoções. Mas se você me perguntar se eu quero de volta a minha vida antes de ser mãe, a resposta é não. Acredito que as demais mães também dariam a mesma resposta, por mais cansadas que estejam. Criar um filho, cuidar dele com todo o carinho e atenção, é trabalhoso. Mas é compensador. Todos os dias você ganha presente – a cada conquista, beijo, carinho, choro consolado do seu filho…

Desculpem a frase batida, mas na minha opinião todo o dia é Dia das Mães. A diferença desse dia para os outros é que nesse domingo a sociedade resolve lembrar da importância da figura materna com presentes e festa. Mas, para mim pelo menos, a festa começou no dia que o José nasceu e o presente eu ganho a cada manhã, quando ele acorda pronto para bagunçar — e me faz lembrar que a vida antes dele era mais calma, mas muito mais sem graça.

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