Acho incrível a capacidade das pessoas sentadas em banquinhos amarelinhos — cor do preferencial aqui em Curitiba — de olharem para uma barriga do tamanho da minha, para um velhinho de bengala ou uma mãe com uma criança no colo e simplesmente virarem de lado e continuarem a curtir a música do Iphone, conversarem animadamente com o colega ao lado ou fingirem que estão dormindo. Nesse perfil se encaixam homens e mulheres de todas as idades e classes sociais — com um destaque maior para os jovens descoladinhos dessa nossa capital.
Na gravidez do José, como minha barriga não ficou muito grande e eu não usava o ônibus nos horários de pico, não costumava pedir para a pessoa me dar o lugar. Era uma mistura de vergonha com preguiça. Mas dessa vez, com os gêmeos, o negócio está bem diferente. Pego ônibus sempre nos horários mais lotados, tenho uma barriga enorme e bem menos paciência com a falta de educação alheia. Normalmente, eu faço a fofa. Primeiro, me aproximo do banco preferencial para ver o perfil de quem está sentado. Normalmente, a pessoa não é idosa, obesa, nem está com criança de colo e a deficiência maior que possui é mesmo a falta de educação. Nesses casos, falo um com licença bem simpático e se o amigo — ou amiga — continua sentado, eu logo explico: “estou gestante e esse é um assento preferencial”.
Não posso reclamar muito. Nunca recebi um não como resposta. E alguns dias tive demonstrações de educação das pessoas que me surpreenderam. Semana passada, uma moça que ocupava um assento normal levantou para que eu sentasse — os preferenciais estavam com idosos. Também na semana passada, uma senhora idosa sentada no preferencial fez um rapaz que estava no assento normal da fileira de trás levantar para mim. “Levanta, moço, porque ela está grávida”, ela disse apontando para mim. O rapaz ficou meio contrariado, mas me deu o lugar.
Outros dias, as pessoas são bem sem educação. Na sexta-feira passada, o ônibus estava tão lotado que nem consegui me aproximar do preferencial e ninguém por perto me ofereceu o lugar. Na hora que vagou um assento, um rapaz jovem e bem mais ágil que eu — com todo o jeito de quem estava indo para faculdade — sentou rapidinho. A única pessoa que se ofereceu para segurar a sacola que eu estava levando foi uma moça que estava em pé ao meu lado. Por perto, todos ignoraram a regra de tirar a mochila das costas. Não consegui chegar a porta quatro a tempo de desembarcar porque os passageiros não percebiam que suas bolsas atravancam o corredor. Sai empurrando todo mundo e, mesmo assim, só consegui descer um tubo depois.
Quando coisas assim acontecem, eu acredito menos na humanidade. Mas como sou uma grávida cheia de esperanças, logo penso que vou conseguir criar meus filhos muito bem e eles serão pessoas educadas. E aí, quando eu contar para eles essas aventuras no ônibus, vão ficar todos surpresos e falar: “Nossa mãe, como isso? Inacreditável.” Não custa ter esperança, não é?
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E para você, como foi a experiência de andar de ônibus durante a gestação? As pessoas respeitavam a barriga e te davam o lugar?
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