Então, eis que voltei a trabalhar. Isso significa também voltar a ter tempo para poder escrever por aqui — estava com saudades, não pensem que não. Para o post de reestreia, nada mais apropriado do que falar sobre o drama — ou não — do fim da licença maternidade e o retorno ao trabalho.
Acho que quase toda a mãe, em algum momento, pensou em largar tudo e ficar em casa para se dedicar exclusivamente a cuidar dos filhos. Admiro quem opta por esse caminho — que pode parecer fácil, mas significa trabalho duro 24 horas por dia.
Eu não consigo. Não faz bem para a minha cabeça. Isso ficou bem claro para mim nesses quase sete meses em que fiquei em casa me dedicando aos gêmeos, ao José e à casa. Tinha dias em que eu pensava em pedir demissão do cargo de mãe de três e dona de casa devido à carga excessiva de trabalho e ao meu despreparo para a função — e quem está realmente preparada para isso?
Então, confesso, não fiquei triste por ter de voltar a trabalhar e deixar Bento e Miguel na creche. Com José foi diferente. O coração apertou, fiquei cheia de medos. Mas no fim deu tudo certo. Acho que essa certeza de que dará tudo certo é o que me faz ficar tranquila dessa vez.
Opção certa
Para a mãe de primeira viagem, eu recomendo, ainda na gestação, decidir o que irá fazer quando tiver de voltar a trabalhar. Para quem tem a sorte de ter uma avó/avô por perto, acho muito válida essa opção, desde que se tenha um ótimo relacionamento com quem vai ficar com a criança. Tenho a opinião de que tudo que se torna uma obrigação não remunerada e cheia de sentimentos envolvidos tende a se tornar uma chateação em pouco tempo.
No meu caso, creche e babá foram os caminhos encontrados. Se você for por esse rumo também, um conselho: adiante-se. No caso da creche, é bom começar a procurar ainda na gestação. Isso porque muitas têm lista de espera e pode ocorrer de não haver vaga justamente naquela que você tanto gostou.
Por falar em gostar, no que se deve reparar na hora de escolher um berçário? Considero a limpeza e a organização do local pontos fundamentais. A qualidade — e a quantidade de pessoas — da equipe que ficará com as crianças — se possível, converse com a professora responsável pelo berçário — também deve ser observada. Outra dica: dê uma olhada no calendário da escola. Alguns berçários eu nem cheguei a visitar porque o período de férias deles e o esquema de feriado eram inviáveis para mim.
No caso da babá, não dá para buscar com taaannnta antecedência. Mas como o mercado está difícil, acho que vale começar a colocar anúncios, pelo menos, dois meses antes de voltar a trabalhar. E comece o período de treinamento, no mínimo, uns 15 dias antes do seu retorno. Eu deixei tudo meio para cima da hora e perdi a babá na sexta-feira a noite, quatro dias antes de retornar ao batente. Encontrei uma nova na segunda-feira. Em um dia tive de ensinar toda a rotina a ela. Graças aos céus, está tudo caminhando bem.
Culpa
Sim, em algum momento você sentirá culpa por deixar seus filhos aos cuidados de outros para ir trabalhar. Por todos os lados, haverá alguém para te criticar e dizer que você está terceirizando a criação dos seus filhos — como se a sua consciência já não fosse o suficiente. Eu sofri muito com essa tal culpa no retorno da licença do José Fernando. Agora ainda sofro, mas muito menos.
Poderia fazer um longo discurso feminista aqui. Mas deixo apenas uma questão: por que ninguém cogita a possibilidade de um homem parar de trabalhar para cuidar dos filhos?
Enquanto isso não se torna comum, seguimos com nossas vidas. No meu caso, a solução para diminuir o remorso é tentar manter a certeza de que sou a melhor mãe que posso ser para os meus filhos. E como me convencer disso? Eu escolhi viver bem as horas em que estou com eles. E não estou falando em dar a eles tudo o que querem ou deixar as broncas de lado. Mas em ser feliz e colocar em segundo plano o que pode ser deixado para resolver depois.
Dessa forma, para os pequenos, o primeiro fim de semana pós retorno da licença maternidade foi de muito colo e mamadas sem hora marcada. Para o José, teve ida ao parque, desenho animado, almoço em família, brincadeira na terra e direito a escolher um passeio.
E a culpa? Por enquanto, essa ainda não bateu por aqui.
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