Foto: MARCELO ANDRADE/Agencia de Noticias GAZETA DO POVO| Foto:
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Não bastassem todas as angústias da gravidez e os temores da maternidade que está por vir, nos últimos tempos as mães têm se deparado com outro conflito: a taxa de disponibilidade. Essa cobrança é feita pelos médicos obstetras para irem realizar o parto da gestante que acompanharam durante todo o pré-natal.

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Explico. Os médicos argumentam que os planos de saúde remuneram o procedimento do parto, mas não cobrem a disponibilidade para o atendimento do mesmo. Então, a gestante que entra em trabalho de parto pode optar por ser atendida pelo plantonista da maternidade ou pelo obstetra que a acompanhou durante a gestação. Se ficar com a segunda opção, muito provavelmente terá de pagar uma taxa — a qual pode variar de R$ 1,5 mil a R$ 3,5 mil em Curitiba.

Essa cobrança é uma polêmica. A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS),o Procon e outros órgão de defesa do consumidor afirmam que ela é ilegal. Mas as entidades médicas a defendem. No meio desse fogo cruzado fica a gestante fragilizada e sem saber muito o que fazer. E agora, pagar ou não pagar?

Quando eu tive o José Fernando, a cobrança dessa taxa ainda não era tão popular. Mesmo que fosse, eu não teria pago. Afinal, a médica que me acompanhou no pré-natal estava fora do país e quem fez o parto do José foi mesmo o plantonista.

Eu tive sorte por ter encontrado uma boa equipe. A residente que me atendeu era muito simpática e tranquila. O médico fez alguns procedimentos dos quais hoje, com mais informação, eu discordo, mas nada que eu tenha considerado agressivo. Além disso, em nenhum momento ele deixou de me explicar o que estava fazendo e o motivo — e tudo com tranquilidade.

Já no parto dos gêmeos, foi bem diferente. Logo no início da gestação a  médica já me informou sobre a taxa. Como eu não sabia se teria parto normal ou cesárea, não esquentei muito a cabeça com isso. No meio da gestação, eu havia decidido não pagar e confiar na boa experiência do parto do José Fernando.

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Desisti da ideia assim que comecei a ter as primeiras contrações — três dias antes dos meninos nasceram — e ser atendida pelos plantonistas. Quando estava na maternidade já para ter os bebês, agradeci aos céus quando vi a minha médica chegar. Pouco antes, a residente tinha falado para eu parar de fazer força — eu estava quase com dilatação total — porque não havia UTI neonatal para os bebês e, caso eles nascessem, morreriam. Oi?!

Paguei R$ 1,5 mil para ter a médica que me acompanhou durante todo o pré-natal às 3h da manhã na maternidade para fazer o parto dos meus meninos. Cada centavo valeu a pena. Recomendo às gestantes a irem poupando ao longo dos nove meses para também poderem se dar a esse luxo na hora do parto.

Porque ter o médico que acompanhou você durante o pré-natal na hora do parto, infelizmente, é um luxo. E eu não vejo isso como um problema. Problema mesmo, na minha opinião, é não conseguirmos ter plena confiança nos médicos plantonistas da maternidade. Pode ser que se dê sorte — como foi no caso do parto do José Fernando –, e encontre uma boa equipe médica. Mas pode acontecer de você se deparar com pessoas como a residente que me atendeu no parto dos gêmeos —  ou com coisa bem pior.

Infelizmente, enquanto não houver uma mudança geral na mentalidade dos médicos e enfermeiros que estão nas maternidades do nosso país, ainda vamos ter de continuar a contar com a sorte. É preciso que os médicos e cia. entendam — e os hospitais exijam — que todos os procedimentos devem ser informados à gestante, que alguns podem até ser questionados, que a dor da mãe deve ser respeitada — e tratada –, que toque dói — então, vá com calma —  e que em boca fechada não entra mosca — ou seja, não fale nada que você não gostaria de ouvir na hora que estivesse parindo.

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Em tempo, esse post foi inspirado pela matéria publicada hoje na Gazeta do Povo a respeito da cobrança de taxa de disponibilidade. Recomendo a leitura. Clique aqui.