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Olá, todos! Quando eu estava na primeira série, noventa por cento da minha turma da escola já sabia ler e eu não. Meu irmão aprendeu a ler com quatro anos por conta própria. Minha irmã, com cinco. E eu só consegui formar as palavras completamente com sete. Até hoje me contam como na época as professores e as mães das outras crianças tentavam consolar meus pais, dizendo que eu iria aprender no meu tempo e coisas do gênero.

Claro que eu iria aprender no meu tempo, de quem mais? Nem minha mãe nem meu pai fizeram uma arroaça em torno disso, o problema foi o xilique das minhas professoras. Parecia extremamente procupante o fato de eu não acompanhar a “boiada” em fase de alfabetização. O drama tomou proporções tão grandes que hoje eu acho que todo mundo chegou a acreditar que o meu futuro acadêmico estava seriamente comprometido. E começaram as tarefas de casa extras e toda aquela tensão em volta das provas de português.

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Quando eu escrevi meu primeiro texto o corpo docente inteiro suspirou aliviado. O estorvo de ter uma ovelha desgarrada do rebanho tinha desaparecido. Agora eu posso estar exagerando, mas, sinceramente? Nem naquela época, nem agora, ninguém sabe lidar direito com um indivíduo que não acompanha a maioria. Seja na escola, seja no trabalho. Até parece que todo mundo algum dia teve o mesmo ritmo de aprendizagem. É claro que não! E é claro que isso não quer dizer nada!

Dentre todos os meus colegas da primeira série que eu ainda sei por onde andam, eu sou a única que lida direta e diariamente com escrita. Isso que eu era a atrasada da turma. Não estou querendo vir com aquela velha história de “eu me superei e agora estou aqui” porque realmente não é nada disso. Eu aprendi num ritmo diferente do resto da minha sala, assim como todas as outras pessoas aprendem coisas diferentes em outros ritmos.

Da próxima vez que alguém aqui se sentir desgarrado do resto do bando, não se desespere, porque eu tenho certeza cada um de vocês aprende de uma maneira diferente.