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A Universidade Estadual de Maringá (UEM) e a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) bateram novos recordes de inscrições nos seus respectivos vestibulares de inverno, porém o que realmente espanta é a elevada distorção na proporção candidatos/vaga de determinadas graduações – observando o curso de Medicina, a concorrência para não-cotistas é de 365,6 candidatos para apenas uma vaga em Maringá, já na Princesa dos Campos um novo patamar foi atingido: absurdos 441,143 candidatos disputando uma única cadeira. Os valores permanecem elevados nos tão chamados “cursos tradicionais”, como Engenharia Civil, Direito e Odontologia, enquanto nas licenciaturas (graduações que habilitam estudantes para lecionar, da educação infantil ao ensino médio) a concorrência é de um nível inofensivo: 3,5 candidatos/vaga em Física (UEPG), 3,5 em Letras (UEM), e em certos casos o número de vagas é maior que o de candidatos.

Apesar de existir demanda no mercado, a maior parte dos estudantes torce o nariz para a carreira do magistério, e as causas são diversas. Uma grande parcela da educação básica brasileira enfrenta problemas crônicos, como baixos salários, desvalorização do profissional e até violência estudantil, o que é refletido no ENEM (aliás, as inscrições da edição 2012 foram abertas nesta segunda-feira, já realizou a sua?). Assim, a classe dos professores promove constantes greves, procurando melhores condições de trabalho, e tais deficiências afastam os possíveis candidatos a uma carreira na área, como alunos com ótima capacidade de aprendizado – e de compartilhá-lo. A aversão ao ambiente escolar às vezes é tão grande que podemos deduzir algum problema enfrentado durante a idade estudantil, como bullying.

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As questões citadas acima, somadas com a perspectiva de conquistar status e retorno financeiro, justificam a concorrência feroz de cursos como Medicina, Direito e Engenharias. Infelizmente, há quem escolha uma graduação pela “fama” que confia ganhar com determinada profissão, ou por influência negativa de familiares ou amigos, e não pela vontade de realizar algo para seu bem-estar e do próximo. Seria hipocrisia afirmar que o retorno financeiro (em qualquer profissão) não é importante, mas eu acredito na premissa “faça o que você gosta, pois quando você gosta o trabalho é bem feito, e há retorno”. As licenciaturas são carreiras belíssimas, e, apesar das suas carências (o que existe em qualquer carreira), devem proporcionar momentos inesquecíveis para quem as pratica. Os “doutores” – e doutores com doutorado – têm sua formação básica de ensino graças aos licenciados, o que deveria ser valorizado no nosso país. Entretanto, não vamos perder a esperança, um dia todas as carreiras subestimadas conquistarão sua devida importância. Qual é sua opinião a respeito dos cursos de licenciatura?

Um abraço,

Aquele que está em dúvida entre uma licenciatura e a Comunicação Social.

andre.esantos@yahoo.com.br