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Dezembro chegou e, se os maias estiverem certos, o mundo acaba daqui a 17 dias. Maior ironia se o mundo acabasse mesmo em 2012. Todos os esforços para passar no vestibular seriam em vão. Todas as comemorações e as lamentações também. Bem como todos os trabalhos e o tempo estudando para passar de ano. Todas as festas que você deixou de ir teriam sido um desperdício. Sem falar nas pessoas maravilhosas que você não conheceu, no sofrimento que não teve, nos amores que não viveu, nos lugares onde nunca esteve, nos aniversários que não comemorou.

Se o mundo acabar mesmo daqui a 17 dias, a maioria de nós nunca terá pisado numa universidade. E nunca terá entrado em desespero por causa de TCCs, nem chorado de emoção na formatura. A maioria de nós nunca saberá se fez a escolha certa sobre o que queria da vida. Se o calendário maia acertar, imaginem quantas coisas ficariam por ser feitas. O e-mail que você nunca enviou, as fotos que nunca tirou, os jogos que não fechou, os filmes a que não assistiu, os livros que não leu, as pessoas que nunca abraçou, aliás, as pessoas que você nunca teve coragem de dizer que amava.

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Sinceramente, eu não acredito que o planeta no qual vivemos vá explodir. Não acredito que um meteoro gigantesco vá nos atingir ou que um tsunami cobrirá todo e cada pedaço com água. Acredito apenas que essa história, de certa forma, veio a calhar. Isso porque na maioria das vezes precisamos de um baque muito forte para reavaliar o que estamos fazendo das nossas vidas, para lembrar o quão frágil é a nossa existência.

Agora, vejam como o ser humano é engraçado: é preciso alguém datar o fim do mundo para começarmos a aproveitar cada dia ao máximo, para querermos fazer tudo o que temos vontade e para tomarmos coragem para realizar todo e cada sonho que temos, quando, na verdade, todo e qualquer dia pode ser o fim do mundo. Não precisa ser necessariamente uma catástrofe gigantesca. Qualquer um de nós pode morrer hoje, amanhã ou depois. Qualquer um de nós pode, de uma hora para outra, ter sua vida corriqueira interrompida pelo motivo que for.

Semana que vem pode ser que eu não escreva para o blog porque fui atropelada por um ônibus ou tive uma crise muito séria de dor de garganta. Pode ser que algum conhecido meu ou seu se afogue ou que algum parente meu ou seu coloque um garfo na tomada. E por esquecer que todas essas coisas podem acontecer comigo ou com você, pode ser que amanhã um de nós esteja com 40 anos e se pergunte “o que foi que eu fiz da minha vida?”. Tudo isso soa muito melancólico, eu sei, mas por mim, antes um momento melancólico do que uma vida inteira nesse estado de espírito por arrependimento.

Espero que em 21 de dezembro deste ano todos nós possamos estar aproveitando as férias, sorrindo mais, arriscando mais, fazendo todas as coisas valerem mais a pena e sem precisar passar por um sufoco absurdamente grande para se lembrar de como tudo é passageiro e de como toda e cada vida é frágil e preciosa.

Eu não queria que este post corresse para o sentido mais banal de “carpe diem”. Não sei se consegui.

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