Por José Wanderley Dias*
Mãe, pedaço do céu na terra, bendita seja em todas as fases da vida.
Mãe esperando, o filho no ventre crescendo, o pranto feliz dos olhos descendo, as mãos nervosas depressa recendo, o coração, castelos sem fim fazendo… Menino ou menina? Gêmeos?
Vai ter a carinha do pai…
Mãe que espera, mãe que agrada, mãe que confia, bendita seja, mãe..
Mãe com o fruto do ventre nascendo, as dores do parto sofrendo, as lágrimas muitas contendo, o filho, enfim, recebendo!
Mãe que dá à luz, que uma nova vida traz, da sua, com a sua, bendita seja a Mãe para sempre!
Mãe com o filho crescendo, por seu futuro temendo, seus primeiros passos protegendo, por ele orações, fazendo,
mãe do menino traquinas, brigando pelas esquinas, ou mãe de lindas meninas,
mãe que a ele ou a ela ensina, as letras, as avemarias, os cantares, o belo, o nobre, o bonito, Mãe, seja bendita, sempre e para sempre,
… e o menino se torna rapaz,
e a menina moça se faz…
E agora, Mãe, o que vai ser?
O que com eles vai acontecer?
Mãe de adolescentes, problemas crescentes, angústias candentes!
Meu filho, agora moço, cuidado, minha filha: quem é seu namorado? Mas é tão cedo para o noivado!
Mãe do rapaz,
mãe da menina-moça,
bendita seja para sempre!
Mãe do filho ingrato,
mãe da filha sem reconhecimento,
mãe que sofre a injustiça,
o mau-trato, o esquecimento,
o olvido, a incompreensão,
o “não”, a contestação…
Mãe do filho que se omite,
mãe da filha que dá de ombros, mãe amargurada, abandonada,
bendita seja para sempre!
Mãe rica ou mãe favelada, mãe que tem tudo, mãe que tem nada, mãe que da vida recebeu tudo para dar,
mãe a quem a vida somente soube negar,
bendita seja para sempre.
Não há mães diferentes,
todas as mães são iguais!
Mãe que perdeu o filho querido, mãe que se ajoelha em pranto dorido cerca do túmulo que guarda sua saudade, sua lembrança, seu sofrimento, mãe cuja filhinha partiu, mãe que a morte feriu, mãe na senda da dor, pelo que você chora, mãe,
bendita seja para sempre.
Mãe jovem, de filhos pequenos, mãe de cabelos brancos, de filhos crescidos,
mãe de sonhos presentes, ou de sonhos há muito vividos,
bendita seja para sempre.
Mãe adotiva, mãe de eleição,
mãe de ventre, mãe de coração, mãe em espírito, mãe de vocação, mãe que trocou o seio fecundo para ser, em espírito, mãe dos sem-mãe do mundo,
mãe sem gravidez, mas prenhe de amor pelos filhos de outros ventres, mas de sua alma, de seu silêncio, de sua renúncia, de seu enlevo, de sua fé, bendita seja para sempre!
Maria, minha mãe, nossa mãe, Maria, em cujo ventre abençoado, a vida eterna se fez vida humana.
Maria, em teu regaço, Deus se fez pequenino, o Eterno se fez nosso irmão! Maria, tu tiveste todas as alegrias, todas as dores de mãe. Abençoada pelo filho que concebeste, pelo Deus-menino que nos deste, faze que Ele abençoe todas as mães, dizendo a cada uma delas, como dizia carinhoso a Ti: “Bendita seja para sempre!”.
* José Wanderley Dias, professor, advogado, jornalista e escritor, faleceu em 1992. Escreveu por cerca de duas décadas a coluna “A vista do meu ponto”, na Gazeta do Povo.
P.S.: Com este texto do meu saudoso avô, homenageio a todas as mães do mundo (benditas sejam).