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Barulho pelo fim do barulho: só falta proibir o assobio

Arte sobre foto de BethanyCarlson/Stock.Xchng
Muito barulho pelo fim do barulho

Dia desses tomei conhecimento de uma campanha que ocorre em Recife (PE): “dentro do ônibus, curta seu som legal, use fone de ouvido”. Concordo que é preciso haver bom-senso e respeito pelo próximo — sobretudo dentro de um ônibus, onde o próximo fica grudado, esmagado, apertado como sardinha em lata. No entanto, em tempos de fechamento de bares e espaços culturais por conta do “barulho”, fico com uma pulga musical atrás da orelha quando ouço qualquer notícia assim. Repito: respeito e bom-senso são bons, e todo mundo gosta e merece. Mas “todo mundo” abrange silenciosos e sonoros. Ou é preciso falar mais alto?

Enfim, lembrei-me de um texto que escrevi há alguns anos, sobre assobios. Adaptei-o para este blog. Leiam-no (em voz baixa, por favor):

AI-5: Assobio Inconveniente nº 5 e “Assobioversivos”

O dia transcorria normalmente. De repente, algo chamou minha atenção. Um barulhinho que parecia vir de algum pássaro, daqueles que cantam, coisa rara em pleno centro de cidade grande. Além do mais, o som parecia familiar e me lembrava… Ivete Sangalo?!? Sim, era a melodia de um sucesso musical da boa baiana, perfeitamente assobiado por um senhor. Alto lá! Assobiado ou assoviado? Em teoria, tanto faz. Na prática, fico com a primeira opção, com “b”, já que “assoviado” pode gerar interpretações engraçadinhas. É assobiado e não se assobia mais disso.

Questões ortográficas e etimológicas à parte, fato é que senti uma certa nostalgia ao ouvir o senhor assobiando aquela singela melodia. Bons tempos em que assobiávamos livremente, sem medo de julgamentos. Digo isso porque notei que praticamente todas as pessoas, ao passarem pelo sonoro idoso, olhavam-no com espanto. Quase pude ler a mente dos passantes: “o que esse maluco está fazendo?”; “Assobiando?”; “É louco!”. É impressionante a insensibilidade (intolerância) que marca nossos tempos. Um sinal de alegria, como um assobio, parece ser motivo suficiente para uma camisa de força, ou um forte cascudo, dependendo do gosto musical do mal-humorado ouvinte. “Ih! Coitado! Está assobiando… Pode mandar internar”, ou “Está assobiando por quê, palhaço?”.

Eu adoro assobiar, mas é melhor não arriscar. De agora em diante, eu só assobiarei no chuveiro, e bem baixinho. Não quero que ninguém saiba que sou um subversivo, ou seria um assobioversivo?

***

Agudas

– Circula pela internet que, no Oregon (EUA), há uma lei proibindo “assobiar embaixo d´água”. A criatividade cretina dos legisladores não tem fronteiras…

– Falando em proibição do assobio, vale a pena ver este vídeo aqui sobre o tema, que descobri depois de escrever o texto do “assobioversivo”.

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