Na quinta-feira, assisti à palestra do ex-presidente do Banco Central, Gustavo Loyola. O tema foi a economia brasileira – e há muito para ser dito.
Para Loyola, há vários fatores que devem ser considerados para que determinemos o panorama político-econômico do curto prazo. Os dados foram apresentados em grande número.
De acordo com o economista, “o Brasil descolou-se dos países da América Latina que seguem boas práticas macroeconômicas. Pelo contrário, hoje apresenta diversos elementos similares aos seguidos pelas nações instáveis da região”. E enumerou causas para tanto: “aumento do intervencionismo estatal; controle de tarifas e preços sob influência do governo (ex. transporte público e pedágios); política de confronto com setor privado, com viés anti-lucro; aceleração inflacionária; fragilização da política macroeconômica, aumento do protecionismo, perda de credibilidade em indicadores da economia (no caso brasileiro, contabilidade criativa nos resultados fiscais)”.
A serie histórica vem demonstrando queda do consumo, da confiança da indústria e do consumidor, mais endividamento familiar e, como é notório, elevada inflação (agravada com trajetória errática do câmbio). O que chamou a atenção deste blog foi a política fiscal. O governo vem adotando metodologia criativa da contabilidade (a chamada “contabilidade criativa”) e desonerações, além de relação curiosa entre o Tesouro Nacional e o BNDES (o dinheiro que vai ao BNDES não é contabilizado como despesa primária, mas o retorno é contabilizado como receita primária – Loyola chama os créditos do Tesouro junto ao BNDES como “fábrica de primário”, pois aumenta o resultado primário).
A contabilidade criativa produz resultados palatáveis para o mercado num primeiro momento. No médio prazo, a descrença com a seriedade da política econômica desfaz qualquer benefício. Em outras palavras, se o governo impulsiona a receita (antecipando dividendos das empresas estatais, por exemplo) e deduz do cálculo a despesa (obras do PAC, da Copa do Mundo), está apresentando resultado primário inflado artificialmente.
Em suma, a economia do Brasil requer seriedade, com política fiscal responsável, visando à recuperação da confiança (e nisso se inclui a manutenção da Lei de Responsabilidade Fiscal, sem alterações).
Sugestões de leitura: “Brazil’s mediocre economy: A fall from grace” (The Economist – clique aqui) e “Entre o desequilibrio e a desconfiança: Cenário mais difícil para os emergentes teve efeito amplificado no Brasil, onde a economia fraqueja e o governo perdeu a confiança do mercado” (Gazeta do Povo – clique aqui).
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