Tratei, no post anterior, com a ajuda do acadêmico de Direito Lucas Prates, da mobilidade na Via Calma, a Av. Sete de Setembro. Neste post, falarei sobre o uso do transporte coletivo. Uso regularmente os ônibus que trafegam na Rua XV de Novembro. Posso escolher qualquer linha, pois todas vêm ao Centro. Antes da faixa exclusiva, nos dias de engarrafamento, preferia caminhar para o trabalho. O percurso pode ser feito em 20 minutos (são aproximadamente 2 km).
Com a inauguração da faixa exclusiva, em qualquer dia o caminho pode ser percorrido, num ônibus, em 5 minutos. Exista engarrafamento ou não. Para mim, é um fator que importa.
A finalidade da faixa exclusiva não é prejudicar o motorista de carros. Não serve para dificultar uso do transporte individual. O fim principal é melhorar a vida daqueles que dependem do transporte coletivo. Torná-lo atrativo é o mote. As pessoas costumam utilizar carro se lhes for mais conveniente; a lógica é a mesma para os ônibus.
A WIRED, revista americana de tecnologia, publicou em seu site, quarta-feira, uma matéria sobre mobilidade urbana. Relacionou a quantidade de vias públicas ao número de automóveis em circulação. Conforme a revista:
“Se uma cidade houvesse aumentado sua capacidade viária em 10% entre 1980 e 1990, a distância percorrida, então, aumentaria em 10%. Se a quantidade de estradas na mesma cidade aumentasse 11% entre 1990 e 2000, o número total de milhas dirigidas também aumentaria 11%. É como se duas figuras estivessem se movendo no mesmo passo, mudando na mesma taxa”
E o caminho inverso também é verdadeiro.
“Curiosamente, o efeito é reverso, também. Alguma cidade, de qualquer modo, se propõe a retirar faixas da estrada, e os cidadãos reclamarão de que grandes engarrafamentos serão criados. Mas os dados mostram que nada verdadeiramente terrível acontece. A quantidade de tráfego na estrada simplesmente se reajusta e o congestionamento global não aumentará”.
Em outras palavras, quanto mais espaço, mais usuários das ruas. As pessoas querem asfalto. Se o Estado concede asfalto, tornando o bem (via pública) escasso abundante, não haverá nenhum custo para seu uso. Será um incentivo. Por isso, com o surgimento da faixa exclusiva, o transporte coletivo torna-se atrativo, em razão do tempo do deslocamento – além de ser possível, durante o trajeto, evitar de pensar e reclamar dos engarrafamentos (eu leio e ouço música – li o artigo da Wired no ônibus).
A solução da faixa exclusiva parece fazer caminhar para o destino certo. E é a menos dolorosa. Não queremos que o município chegue ao extremo de cobrar pelo acesso ao centro da cidade (congestion pricing), como outras cidades do mundo já fizeram.
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Para ler a matéria completa na Wired, clique aqui.
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Twitter: @rodrigokanayama
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