Nakamoto, suposto criador da moeda virtual, foi “revelado” pela Newsweek na semana retrasada (David MacNew/ Reuters)| Foto:
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Continuando a análise do dinheiro, remanesce a pergunta: e se o dinheiro fosse desestatizado? Se não fosse o Estado o seu único emissor? Essa foi a proposta de Friedrich Hayek quando apresentou a obra “A desestatização do dinheiro”. Ainda não presenciamos, concretamente, o fato narrado pelo autor. Para Hayek, a emissão do dinheiro, como a produção de qualquer bem econômico, deve enfrentar a livre concorrência, sendo criado por instituições financeiras. E somente as mais capazes, confiáveis e organizadas manter-se-iam no mercado.

Uma “moeda” que mais se aproxima do cenário da “desestatização” é a chamada Bitcoin, que teria sido criada por Satoshi Nakamoto (ele nega). O Bitcoin é moeda virtual, não sofre intervenção estatal (até agora) e não é emitida por instituição financeira e nem há participação dela na sua negociação. Como explica Celso Ming, jornalista de O Estado de S. Paulo, “Ele [o Bitcoin] vem ganhando aceitação porque permite seu uso como unidade de valor, meio de pagamento e reserva de valor (as três mais importantes funções clássicas de uma moeda), sem cobrança de taxas ou de comissões, diretamente entre pessoas eletronicamente conectadas em qualquer lugar do mundo e sem intermediação de bancos e instituições reguladoras”.

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A questão – interessante, diga-se – é, sendo o Bitcoin um meio de pagamento, e por não ter fronteiras ou controle governamental, há quem preveja desequilíbrios nas políticas monetárias dos países, circulando  concomitantemente à moeda de curso legal. O Banco Central do Brasil, por exemplo, vem acompanhando o uso do Bitcoin pelos brasileiros (até o momento, o Brasil somente regulou a moeda eletrônica como meio de pagamento – pelo celular, por exemplo –, conforme a Lei 12865/2013, sem entrar no assunto Bitcoin).

O Japão, antecipando-se aos efeitos – bons ou ruins – negou o status de moeda corrente, principalmente após os problemas de furtos eletrônicos da moeda e de quebras de bolsas de Bitcoin. Embora um retrocesso à expansão da moeda, a medida é prudente. Segundo Pedro Brodbeck, jornalista da Gazeta do Povo, “[a] falta de informações sobre os principais operadores de bitcoins no mundo é um dos pontos de maior discordância entre a comunidade de investidores e especialistas sobre a moeda virtual”. [leia a matéria aqui]

Não há como saber qual será o futuro do Bitcoin e se sobrevirão outras moedas como ela. Contudo, é certo que, aos poucos, teremos o dinheiro, outrora palpável, como dados eletrônicos. E, talvez, presenciaremos o dinheiro sendo emitido e criado por instituições não estatais. Se isso é saudável à economia e aos países, só o tempo demonstrará.