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O ano de 2020 não vai deixar saudades. A pandemia do novo coronavírus dizimou aproximadamente 1 em cada 1.000 brasileiros. Oito em cada dez pegaram ou conhecem alguém que pegou covid-19. A pandemia aprofundou as diferenças ideológicas entre os cidadãos do país, mas o vírus é cego para cores políticas. Todos foram afetados, seja na saúde, seja pelas restrições no cotidiano, seja pelo impacto econômico. O número de desempregados, para ficar só em um dos principais dramas desse ano, aumentou 38,6% desde maio, segundo o IBGE. Temos, portanto, todo o direito de depositar as esperanças em 2021. Não tem como ser pior que 2020. Mas não vai ser fácil. Algumas atitudes simples podem ajudar a sobreviver a 2021.
Vacine-se contra covid-19, se você está no grupo de brasileiros que terá esse direito. Mais de 4 milhões de pessoas em sete países já tomaram a primeira dose — apenas meia dúzia de indivíduos tiveram reação, mas já estão bem de saúde. A proteção contra a doença não é privilégio das nações ricas. Países latino-americanos como México, Costa Rica, Chile e Argentina já começaram ou iniciam esta semana a campanha de imunização. No Brasil pode demorar um pouco mais e a cobertura será menor, mas não ficaremos de fora.
O diretor-geral da farmacêutica AstraZeneca disse neste domingo (27) que sua vacina tem 100% de eficácia. Esse é o imunizante ao qual o governo federal, via parceria da Fiocruz com o laboratório britânico, deu prioridade. Outra vacina promissora é a Coronavac. Esqueça essa história de que foi desenvolvida na China. Ela foi testada por cientistas brasileiros e será produzida por aqui. Também há a possibilidade de termos as vacinas da Pfizer, da Moderna, entre outras. Todas têm se revelado seguras nos testes clínicos com voluntários.
Se a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), órgão vinculado ao Ministério da Saúde, aprovar, não há nada a temer. Isso pode salvar sua vida — e pode salvar a vida de quem não terá acesso às vacinas, por não estar nos grupos prioritários, mas que venha a se contaminar com a forma grave da doença e a precisar de uma vaga em um hospital. Você pode sobreviver a 2021... e pode ajudar outras pessoas a sobreviver a 2021.
Aceite o duro fato de que a pandemia ainda não está chegando ao fim. Ficar trancado em casa, como no começo de tudo, parece inviável agora. É preciso trabalhar, é preciso resolver problemas na rua, é preciso tirar as crianças de casa para não enlouquecer. Mas não é hora de abusar da flexibilização. Precisa mesmo fazer festas ou encontros com mais de oito ou dez pessoas? Precisa mesmo ir a bares lotados ou dispensar as máscaras? Precisa frequentar praias lotadas?
O preço que cada um de nós vai pagar por essas exceções que se tornam regra de comportamento é um aumento exponencial no número de novos casos em janeiro e fevereiro. Sobreviver a 2021 é sobreviver ao início do ano. É chegar a março sem ter contribuído para lotar novamente as UTIs dos hospitais e sem colocar em risco o que deveria ser realmente prioritário: a reabertura das escolas e a retomada da economia e dos empregos.
Cuide mais de si mesmo e dos familiares mais próximos. Você e sua família valem mais do que ideologias, do que dinheiro e do que prazeres momentâneos. Não abandone ideologias, dinheiro e prazeres, apenas não os coloque acima da sua própria sobrevivência e do amor pelo próximo.
Exerça a empatia e não siga cegamente os políticos de ocasião. Eles pensam apenas em si mesmos. Não deixe que o que eles lhe dizem sirva de fomento para o ódio, seja contra familiares que pensam diferente de você, seja contra pessoas desconhecidas.
Empatia é conseguir imaginar-se na pele do outro. Respeite a dor do outro e a sua dor será respeitada.
Deixe de lado os sentimentos e a atitude de "não ligo", "não estou nem aí", "fazer o quê?", "isso não é comigo" ou "a responsabilidade não é minha".
Sobreviver a 2021 significa sobreviver coletivamente, pensando não apenas em si mesmo, mas também nos outros.
É dessa forma que a dor de 2020 vai dar lugar à alegria de 2021.