Em seu Dicionário Filosófico, Voltaire (1694-1778) escreveu que "o preconceito é uma opinião sem julgamento", ou seja, formada sem ancoragem nos fatos e no raciocínio crítico. Esta coluna, que por meio deste texto faz sua despedida, procurou se orientar pelo julgamento dos fatos e pela razão para entregar análises e opiniões independentes aos leitores da Gazeta do Povo. Não se guiou por um desejo de agradar a esse ou àquele líder ou campo político, não abraçou dogmas e não ignorou argumentos contrários — eles sempre foram levados em conta antes da definição de um posicionamento.
A coluna buscou a moderação política, o que significa reconhecer que ninguém e nenhum grupo é detentor da verdade absoluta em todos os temas e que a diversidade de opiniões é melhor do que o pensamento único, mas não se rendeu à neutralidade ou à apatia. Valores democráticos, por exemplo, são inegociáveis. Decisões políticas que anulam liberdades acabam levando ao império do preconceito.
Esta coluna começou em fevereiro de 2020, o mês em que a pandemia de Covid-19 chegou ao Brasil. Foi o ano em que ciência e política se misturaram e em que as opiniões baseadas em conhecimento se tornaram ainda mais necessárias. Foram cinco anos de artigos semanais, sem interrupção: um total de 265 textos exclusivos, incluindo este, de despedida.
O colunista encontrou na Gazeta do Povo um espaço de total abertura para suas opiniões e análises e acompanhou com admiração o trabalho de seus editores e de sua equipe de reportagem, em especial na defesa incansável que fazem da liberdade de expressão, valor essencial da democracia. Agradeço a oportunidade de ter feito parte desse esforço. Até mais.
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