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Maduro e Lula - Brasil - Venezuela
Lula e Maduro durante visita do ditador venezuelano ao Brasil em 2023.| Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República

Não há nenhuma surpresa no desfecho dessas falsas eleições que foram realizadas na Venezuela. A oposição caiu nesse engodo da farsa eleitoral mais uma vez, aceitando participar dele, por dois motivos: por desespero, por não ter outra opção, e porque, na pior das hipóteses, como de fato aconteceu, iria poder escancarar mais uma vez o caráter ditatorial do regime de Nicolás Maduro.

A farsa eleitoral na Venezuela começou muito antes da votação. Um dos pontos críticos foi quando María Corina Machado, a candidata escolhida pela oposição em um processo democrático, foi impedida de concorrer pela Justiça, que é inteiramente controlada por Maduro, com base em acusações estapafúrdias. Isso aconteceu no final do ano passado. De lá para cá, outros candidatos oposicionistas também foram afastados e muitos integrantes da oposição foram presos. Houve intimidação, houve chantagem e houve variados métodos para atrapalhar uma campanha justa por parte da oposição.

Enfim, trata-se de uma manipulação que repete a farsa eleitoral da primeira "vitória" de Maduro, em 2013. A mesma estratégia, a mesma maracutaia, a mesma forma de operar

Um em cada quatro eleitores venezuelanos já haviam votado com os pés contra Maduro. São os milhões de venezuelanos que partiram para o exílio por motivos políticos ou por causa da fome. A grande maioria deles foi impedida de votar no exterior. Isso também é fraude.

Então veio o dia da votação. Como já aconteceu em outros desses momentos de farsa eleitoral montados pelo chavismo, o regime deixa a oposição se refestelar na esperança de que é possível virar o jogo pela via da normalidade, convocando seus apoiadores às urnas. Mas, por trás da aparente tranquilidade, começam os problemas.

Uma sessão eleitoral foi fechada com apenas uma hora de funcionamento, e os eleitores ficaram do lado de fora na filha gritando, dizendo que querem votar. Aqui e ali, houve episódios de intimidação contra eleitores, motoqueiros dando tiros para o alto em frente a centros de votação e fiscais da oposição sendo impedidos de acessar os locais de votação.

Mais para o fim do dia, antes mesmo do fechamento das urnas, lideranças chavistas começaram a cantar vitória antes da hora.

Então veio a manipulação do resultado propriamente dita. Esta ocorreu dentro do CNE, que é o órgão eleitoral venezuelano, controlado por Maduro.

Os observadores da oposição foram impedidos de entrar na sala do CNE onde é feita a totalização de votos e também não receberam as atas das urnas em proporção suficiente para conferir com a somatória dos votos.

Esse ponto é muito importante, porque mostra como o sistema de divulgação de boletins de urna serve para auditar uma eleição. Além disso, na Venezuela, o voto é eletrônico mas ele também é impresso, o que, tese, deveria permitir a auferir a contagem final.

Além disso, deveria ser possível comparar esses boletins de urna com os números que seriam divulgados pelo CNE e que servem para totalizar os votos oficialmente. É dessa forma que se evita que haja fraude da hora de somar os votos de todas as urnas.

E foi nesse ponto que deu chabu, como já era esperado.

O CNE não divulgou para a oposição todas as atas. Com base nos boletins de urna que haviam sido registrados pelos fiscais da oposição, a derrota de Maduro era inequívoca. Quanto mais o regime demora para divulgar as atas, mais tempo os técnicos do governo têm para maquiar os resultados. É por isso que a divulgação tem que ser imediata, em tempo real.

O CNE, um pouco depois do encerramento da votação, interrompeu a transmissão das atas das urnas para o local de totalização de votos. Esse processo foi interrompido por seis horas. Quando retornou, e o CNE começou a divulgar as parciais, já começou com uma porcentagem considerada irreversível, com mais de 80% das urnas supostamente apuradas, indicando a tal vitória de Maduro.

Enfim, trata-se de uma manipulação que repete a farsa eleitoral da primeira "vitória" de Maduro, em 2013. A mesma estratégia, a mesma maracutaia, a mesma forma de operar.

Tudo muito previsível.

Conteúdo editado por:Jocelaine Santos
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