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Diogo Schelp

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Política

Pequena reforma ministerial de Lula é pautada por enfraquecimento do presidente

reforma ministerial
O presidente Lula (Foto: EFE/Andre Borges)

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Nesta terça-feira, dia 14, ocorrerá oficialmente a primeira troca da reforma ministerial de 2025. Entra o marqueteiro Sidônio Palmeira no lugar de Paulo Pimenta, que talvez vá para a Secretaria-Geral, no lugar de Márcio Macedo, que cuida da relação do governo com movimentos sociais.

Outras mudanças no comando dos ministérios podem acontecer nesta ou na próxima semana. Um dúvida é se José Múcio, ministro da Defesa, fica ou não. Ele já pediu ao presidente Lula para sair. No lugar dele, se de fato Lula não conseguir segurá-lo, é cogitado o vice-presidente Geraldo Alckmin, que hoje acumula o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.

O próprio Alckmin disse que as mudanças que Lula vai promover agora em janeiro são pontuais. Nem poderiam, em tese, serem consideradas uma verdadeira reforma ministerial. O que for feito agora teria o objetivo primordial de acomodar interesses de partidos que cresceram nas últimas eleições municipais, como o PSD de Gilberto Kassab, que atualmente tem três ministérios, e de reforçar apoio do Centrão ao governo no Congresso Nacional, especialmente diante da troca nos comandos das casas, que está prestes a acontecer, com a provável ascensão de Davi Alcolumbre, do União Brasil, à presidência do Senado e de Hugo Motta, do Republicanos, da Câmara.

Para atrair o PSD e outros partidos do Centrão, só há um jeito: sacrificar ministros do PT, que comanda nada menos que onze pastas. Pode-se imaginar que não há nada mais justo do que o partido do presidente ter uma participação grande no principais cargos do governo. Ocorre que a dinâmica do presidencialismo de coalizão brasileiro mudou bastante conforme a figura do presidente foi perdendo o controle do orçamento para o Congresso nos últimos anos. Senadores e deputados gastaram, no ano passado, 45 bilhões de reais em emendas, que chegaram a consumir 74% das verbas dos ministérios. Com isso, não sobra muita moeda de troca para o governo nas negociações com as lideranças partidárias no Congresso. O loteamento de cargos acaba entrando mais no jogo.

Alckmin também disse na semana passada que outras mudanças nos comandos dos ministérios vão acontecer ao longo do ano. Um possível motivo para esse adiamento de uma reforma ministerial mais profunda é o fato de que Lula também quer usar as cadeiras ministeriais para costurar algum acordo para formar uma (nova) frente ampla de partidos para apoiá-lo à reeleição em 2026. Isso porque, nesse momento, as legendas do Centrão não querem assumir esse compromisso. Muitas têm seus próprios planos presidenciais ou ainda querem ver como vão estar, mais para frente, as chances do PT de conquistar um novo mandato.

Nesse primeiro momento, apenas algumas pastas menores devem entrar na roda da pequena reforma ministerial, como a da Secretaria de Relações Institucionais, de Alexandre Padilha, cuja atuação na articulação política tem sido considerada problemática, e o das Mulheres, de Cida Gonçalves. Em um segundo momento, também entraria no bolo o Ministério da Saúde, que tem um enorme orçamento e atualmente é comandado por Nísia Trindade, de perfil técnico, mas, na visão de Lula, excessivamente discreto.

As pressões por mais espaço principalmente por parte do PSD, contudo, podem levar a Lula a promover mudanças mais amplas em outros ministérios importantes. A perda de espaço do PT no governo será uma medida do enfraquecimento do poder do presidente frente ao Legislativo.

Conteúdo editado por: Jocelaine Santos

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