Crowdfunding é uma iniciativa de financiamento coletiva, afim de realizar algo, seja um projeto, produto ou uma empreitada. Normalmente é feito pela internet. Traduzindo em miúdos, é comumente explicado como uma vaquinha on-line. E na Campus Party deu origem ao painel “’Cow-funding’”, a vaquinha reload” na noite de terça-feira (8). Entre as várias perspectivas e experiências apresentadas, um fato ficou claro: a comunidade envolvida é o que dá o suporte para “a coisa” acontecer. Ela é mais valiosa, portanto, que o dinheiro.
“Todos os projetos de crowdfunding que deram certo começavam já com uma comunidade sólida. Por mais que ela não coloque dinheiro, vai ajuda a passar o projeto para frente. Quem não tinha comunidade forte, não se dava bem”, explicou Rafael Zatti, pesquisador da área e empreendedor, co-fundador da startup ideias.me.
Mas quem está achando que é uma forma fácil de levantar dinheiro está enganado. É muitas vezes mais difícil levantar verbas para projetos via crowdfunding do que bater à porta de empresas, diz Pedro Markun, membro da Transparência Hacker, que trabalha criando novas manerias de fazer política através das redes. Ele é um dos responsáveis pelo ônibus hacker, projeto viabilizado através de crowdfunding.
Na sua experiência, conseguiu levantar 40 mil reais em 50 dias para aquisição do ônibus, que visa espalhar a cultura hacker pelo país. Ele diz que não foi fácil, que a comunidade foi a responsável pelo sucesso e o mais difícil bem agora: colocar o projeto em execução. O ônibus fez duas viagens até agora. “Estamos nos planejando para fazer funcionar”, diz.
O projeto captou recurso por meio do Catarse. Diego Reeberg é co-fundador desse site, que é considerado a primeira plataforma para financiar projetos criativos de forma colaborativa no país. Ele conta que há muitos bons projetos, e busca fazer uma espécie de consultoria para que as iniciativas efetivamente aconteçam. Há um cuidado até na curadoria dos projetos que serão aceitos e a verba só é liberada para os autores se o financiamento atingir o total dos recursos necessários.
Paulo Alvim, que é gerente de Acesso a Mercados e Serviços Financeiros do Sebrae, também esteve na mesa e diz que o país está bastante atrasado ainda na consolidação desse tipo de iniciativa de financiamento. No entanto, seu uso para pequenas empresas e negócios é possível. Mas alerta que não é o único caminho a seguir, existindo muitas outras formas de captar recursos. E empreendedor deve estar atento à elas e escolher qual tem mais em comum com seu projeto.
Algumas dicas para ter sucesso
Ao longo do debate, várias dicas foram para um projeto ter sucesso na captação de recursos em crowdfunding. Confira as três principais:
Tenha um grupo de pessoas apaixonadas – É necessário ter apoiadores para desenvolver um projeto desses. Eles vão precisar trabalhar duro, principalmente com comunicação, para levantar o dinheiro. Essa equipe é essencial. E ela precisa estar em sintonia com a causa defendida, seja ela qual for.
Tenha uma rede articulada – Além do pessoal que vai trabalhar efetivamente, é preciso o apoio da comunidade. Um projeto relevante para a sociedade, uma causa, pode ser capaz de fazer um grupo se unir e apoiar seu projeto. E mesmo que essa comunidade não doe, ou não invista muito dinheiro, ela é essencial para espalhar a ideia e o projeto.
Tenha um bom planejamento – Pode parecer fácil, mas não é. Um bom planejamento se torna essencial para conseguir o recurso, pois são muitas pessoas envolvidas e muitas pessoas mais vão participar. Além disso, em caso de sucesso, como você vai realizar o projeto? Tudo isso deve estar claro já de início.
******
Quer acompanhar o que está rolando na Campus Party a todo o tempo? Siga o repórter no Twitter: @celso14