Jogos sempre foram vistos como atos de lazer, ligados ao prazer não produtivo, momentos de relaxamento e descontração. No entanto, o potencial é muito maior. A mecânica, os processos, os elementos podem ser aplicados a uma enorme gama de situações, inclusive no mundo corporativo. E com ótimos resultados, garantem os especialistas que participaram da mesa “Gameficação do Mundo Corporativo”, ontem, na Campus Party 2012, realizada no Anhembi Parque, em São Paulo.
Gameficação é justamente o aproveitamento desses processos e elementos típicos de jogos para aplicações que não são games, explica Cacau Guarnieri, que é dramaturgo e roteirista de jogos. E por games se entende a longa tradição humana de jogos, dos mais simples e primitivos aos consoles mais avançados. “Hoje as pessoas estão se afastando muito do prazer em trabalhar. A gameficação trata isso, e recupera essa motivação, acelerando processos, muitas vezes”, diz, afirmando que o método já reduziu drasticamente o tempo de projetos.
A gameficação corporativa é especialmente útil em áreas de criatividade. No entanto, explica o publicitário e diretor teatral Rodrigo Najjar, dentro da cultura da inovação esse conceito pode ser aplicado para aperfeiçoar processos mesmo em setores mais tradicionais, como o financeiro e o comercial. “Para que a inovação funcione, ela deve estar em todos os níveis das empresas. Esse é o ideal. E o prazer do jogo e da atividade lúdica ajuda muito”, conta.
No entanto, estar aplicando o conceito de jogo para outras atividades não quer dizer que tudo seja levado na brincadeira. Trata-se de uma dinâmica focada em uma produção de valor. “Essa é uma brincadeira comprometida, séria, na qual se procura o prazer naquilo que se está fazendo, mas com um ganho real e relevante para a empresa, consumidor ou sociedade”, completa Najjar.
Mesmo podendo render bons frutos, a gameficação deve ser vista como um acessório, alerta Leandro Montoya, historiador e gerente da Monkey Paulista, loja modelo da maior franquia de lan houses do Brasil. “É algo que vai ajudar na motivação das pessoas, vai deixar as coisas mais gostosas”, diz. Mas não é algo central.
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