A luta contra o sono segue na Olímpiada. Sábado, depois da vitória do Brasil sobre a China no basquete masculino, instalei minha parafernália de cabos na sala de imprensa do ginásio e parti para a busca sem fim do café redentor – espresso, doble and strong, very strong, please. Do outro lado do balcão, uma loirinha bonita fez questão de me explicar assim que olhei para o crachá dela: “My name is German, but I am French and I live here, in London”, disse com um sorrisinho cativante que me despertou das catacumbas do subconsciente sem a necessidade de café.
Já estávamos naquela conversinha despretensiosa eu e moça, a moça e eu, quando entra na lanchonete um cara tão grande, mas tão grande, que deve ter algum tipo de receptor de oxigênio embutido no nariz para respirar no ar rarefeito daquela altitude.
Acho que nunca mais vou ver um cara daquele tamanho na minha vida. Muito menos um chinês, que geralmente são entregues ao mundo na versão pocket. E o gigante em questão era Yao Ming, o maior (em todos os aspectos) jogador de basquete da China, com 2,29 metros de altura, astro da NBA, a Liga Americana de Basquete, até o ano passado, quando se aposentou.
Como o jogo do Brasil havia sido com a China, decidi entrevistá-lo. Mas assim que perguntei se ele aceitaria dar uma entrevista e fazer uma foto vieram três orientaizinhos não sei de onde impedir o meu trabalho. “No pictures, no interview”, falava sem parar o trio, que parecia uma pequena equipe do partidão chinês disposta a me forçar a colher arroz na mais remota província do país se eu insistisse no assunto.
Resignado, voltei ao trabalho. Poucos minutos depois, a moça do café vem me perguntar quem era aquele chinês grandão. Explico para ela quem é Yao Ming e ela: “Nossa, ele é muito grande”. “E você, muito bonita”, eu deveria ter respondido. Mas não dá nada. Amanhã tem mais jogo do Brasil e mais café.