Durante o dia, Cardiff, capital do País de Gales, e sede das estreias do Brasil no futebol, parece uma cidade de mentira. Casinhas idênticas com os seus tijolos escuros, velhinhos e crianças nas ruas, trânsito inexistente. Presenciei até uma gaivota saindo andando de um Mc Donald’s (é sério isso), algo que apenas reforçou a panca de Disneylândia com ares medievais da localidade.
Agora, bem diferente é o clima após o other side of the midnight – como averiguei durante o trajeto do estádio para o hotel, fechada a cobertura da estreia do futebol feminino. Na escuridão, ferve o sangue celta da rapaziada.
Pela rua, vagueiam hordas de moleques aditivados pelo álcool. Ainda não saquei se as encaradas são mesmo um convite pra sair no braço ou o jeitinho bruto dos galeses de revelar afetividade.
Mas sinistros mesmo são os seguranças nas portas das baladas. Quase invariavelmente, ostentam a cabeça raspada e uma tatuagem no antebraço riscada com agulha de costura e tinta de caneta Bic (azul, preta, vermelha e verde). E porte daqueles béques de espera com dente lascado.