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Muita coisa se passou desde a chegada do PT ao poder. A política econômica intervencionista se mostrou um fracasso, a Lava Jato revelou o maior escândalo de corrupção da nossa história, o Brasil foi às ruas, Dilma sofreu impeachment, Lula foi preso, e nas eleições de 2018 o PT foi derrotado, após 4 vitórias consecutivas.
Aparentava ser uma mudança no rumo. Um liberal reconhecido e com suposta autonomia no Ministério da Economia, convicto da importância das privatizações, enxugamento da máquina, do ajuste fiscal e da abertura de mercado, parecia encabeçar a mudança estrutural que o Estado brasileiro tanto precisava e merecia.
Não durou muito. Logo na Reforma da Previdência - a primeira das grandes reformas - ficou claro o desconforto do presidente Jair Bolsonaro em apoiar de peito aberto uma mudança na estrutura do Estado. A forte pressão das corporações acuou o presidente, que chegou a afirmar que não queria fazer a reforma.
A Previdência passou. E nos meses seguintes pouco aconteceu. A Reforma Tributária, a Administrativa e as privatizações ficavam sempre para a próxima semana. Até que fomos atingidos em cheio pela pandemia. E a partir de então as coisas começaram a degringolar de vez.
Enrolado com as denúncias envolvendo sua família e em meio a uma total desorganização, polêmicas e embates políticos no enfrentamento da pandemia, Bolsonaro hostiliza a imprensa, alia-se ao Centrão, larga mão das reformas, abre espaço para ministros desenvolvimentistas no governo, e, num momento de crise econômica, Bolsonaro prova o mel da popularidade imediata trazida pelo aumento do gasto público.
É a tempestade perfeita para o populismo fiscal e o fim da agenda liberal.
De lá pra cá, Bolsonaro embarcou para o Nordeste em turnê, inaugurando obras iniciadas em outros governos, flerta com o fim do teto de gastos e agora rebatiza programas sociais para poder chamá-los de seus.
Começou 2022.