O Brasil tem à sua frente uma situação fiscal muito mais difícil do que se projetava há um ano atrás. O déficit primário de 2020 será maior do que a soma de todos os déficits desde 2014, ano em que começamos a trajetória ascendente de endividamento. E isso é assustador.
Ao contrário do que poderia se pensar à primeira vista, o impacto do coronavírus na economia brasileira não foi particularmente maior que no resto do mundo. O problema, na verdade, é que o Brasil, após 6 anos de crise fiscal, já não tem muito espaço para se endividar. Nossa dívida pública agora se aproxima de 100% do PIB, muito acima da média dos países emergentes, que fecharão o ano em uma média de 62%.
O descontrole da dívida impacta no aumento da inflação e dos juros, além de trazer incertezas para os investidores, com impacto direto na economia e no mercado de trabalho. O cidadão acaba pagando o preço.
A única forma de interromper essa tragédia é avançando com as reformas. É até chato ter que ficar repetindo isso, mas é necessário: uma boa reforma administrativa, que inclua todos os poderes e os atuais servidores, melhoraria e muito nosso resultado primário já a partir do ano que vem, assim como o corte de subsídios e privilégios. Além disso, tirar a agenda de privatizações e concessões do papel, que já está dois anos atrasada, ajudaria também a reduzir o estoque de dívida. Criar os incentivos corretos para aumentar a produtividade é central para destravar o crescimento econômico, que faria aumentar a arrecadação sem elevação de carga tributária e reduzir a relação dívida/PIB.
O fato é que o país terá uma janela crítica de tempo para encaminhar todas essas reformas, que não podem ser abaladas por agendas eleitoreiras. A câmara federal não vota absolutamente nada há um mês e meio, e logo já entraremos no recesso parlamentar.
O futuro do Brasil dependerá do quanto o governo e o Congresso priorizarão o interesse do País e dos brasileiros frente às próximas eleições. Existe o caminho fácil e rasteiro, de empurrar o problema fiscal com a barriga para não abalar a popularidade para a próxima eleição, mas também existe o caminho árduo e nobre, de comprar as brigas certas para colocar as contas do país em ordem enquanto há tempo. Precisamos ter muito claro que antes de 2022 vem 2021.
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