As eleições das presidências da Câmara e do Senado marcaram a volta do “velho normal” na política. O centrão se mostrou resiliente e seguirá comandando o Brasil. O governo Bolsonaro que cantava, em um passado não muito distante, "...se gritar pega centrão, não fica um, meu irmão", emplacou Arthur Lira e Rodrigo Pacheco.
Se o combate à corrupção estava longe de ser uma realidade no governo Bolsonaro, agora ele foi enterrado, sepultado e velado numa festa de arromba para 300 pessoas.
Ninguém realmente espera que um presidente da Câmara, condenado em segunda instância e réu em processos de corrupção, paute matérias como prisão em segunda instância e fim do foro privilegiado.
O enfraquecimento do COAF, a sabotagem do Pacote Anticrime, a indicação de um ministro para o Supremo que abrandou a Lei da Ficha Limpa, as interferências na PF e na Abin; tudo isso já prenunciava uma mudança de rumo em matéria de combate à corrupção e que teve seu fim melancólico com o anúncio do fim da Operação Lava-Jato. Essa, definitivamente, não vai ser uma das 35 “prioridades” dessa legislatura.
Entretanto, no que tange as pautas econômicas, o governo federal perdeu uma das muletas que usava para se apoiar. As votações para as presidências da Câmara e Senado, além de colocarem supostos aliados do governo em posições de comando do Legislativo, escancararam a força do planalto para construir maioria quando lhe interessa, garantindo ambas as Casas em primeiro turno.
A narrativa de que o presidente da câmara travava as pautas reformistas morreu junto com o combate à corrupção. Não há mais desculpa para não aprovar as reformas que o País precisa, como uma Reforma Administrativa decente, que inclua todos os poderes e os atuais servidores, uma Reforma Tributária completa, que não traga de volta a CPMF, as privatizações, PEC emergencial e outras.
A verdade é que muito disso não foi feito por falta de vontade e competência do próprio governo. Ao longo dos últimos dois anos, vimos a criação de mais uma estatal e nenhuma privatização. A reforma administrativa, depois de muita demora para chegar na Câmara, veio sem pretender mexer onde deveria: alto escalão de todos os poderes, atingindo servidores atuais.
Mas como o bolsonarismo sobrevive de narrativas, onde os fatos pouco importam, os atritos públicos entre o governo e os presidentes da Câmara e Senado serviam para reforçar a ideia de que o governo estava, de alguma forma, enfrentando resistência para aprovar suas pautas. Essa narrativa agora perde o sentido, e o governo não terá mais em quem colocar a culpa.
O momento atual que o Brasil vive será crucial para a nossa história nos próximos anos. A crise fiscal é aguda, a crise de baixa produtividade é crônica, e ambas exigem uma série de reformas importantes. E a sociedade já cansou de esperar.
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