| Foto: Marcosleal/Wikimedia Commons
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Jair Bolsonaro não é mais o presidente em exercício. Após os rompantes juvenis em 7 de setembro e de ter sido duramente repelido pelas instituições republicanas, o Presidente da República capitulou frente ao iminente impeachment e precisou socorrer-se de um eterno Michel Temer e das forças do Centrão. Sobraram, inclusive, elogios à atuação do até então algoz Alexandre de Moraes, em uma carta que fez corar o bolsonarista mais apaixonado. Resta alguma dúvida sobre quem manda no Brasil?

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Não é de agora que Bolsonaro vem entregando gordas fatias da governança, do bolo orçamentário e do nosso destino aos caciques partidários em nome da sua sobrevivência política, mas os últimos acontecimentos provaram que, até mesmo no xadrez 4D do mundo paralelo bolsonarista, o presidente é só um peão que jura ser rei. Restaram somente as bravatas que ninguém mais leva a sério, porque, de agora em diante, qualquer movimento concreto de avanço contra os Poderes pode desencadear um contragolpe fatal.


A situação é conveniente para quase todo mundo: ao Centrão, detentor de estatais e órgãos federais, por onde podem fluir bilhões de dinheiro público para as suas bases, sem qualquer amolação; ao PT e ao lulismo, que desejam Bolsonaro de joelhos nas eleições para alavancar Lula. Nenhum deles quer o impeachment, uns para não perder o poder, outros para chegar ao poder. As forças políticas de Brasília estão assentadas e o Brasil que se dane. Se nenhum fato relevante acontecer nos próximos meses, é muito provável que o Brasil vá se danar mesmo.

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A última esperança está na construção da terceira via. Ela começou tímida e sob desconfiança, mas essa alternativa já está na boca do povo. Falta apenas definir o nome. Mais de um se apresentou, a maioria dentro do espectro da centro direita. Por ora, o fundamental é o compromisso público destes políticos e seus partidos contra o populismo e a vaidade, que tanto têm feito o Brasil sofrer.


É bem verdade que tanto Lula quanto Bolsonaro precisarão lidar com seus altos índices de rejeição, mas engana-se quem acha que um adversário de pouca rejeição poderia facilmente vencê-los. Qualquer candidato enfrentará as duas maiores máquinas de difamação do país. De um lado, a petista, que destruiu a imagem de Marina Silva nas eleições de 2014, de outro, o gabinete paralelo bolsonarista, que alimenta diariamente sua gigantesca rede de influência digital com narrativas fantasiosas.


Apesar dos desafios e do receio, nós brasileiros podemos ser bem-sucedidos na empreitada chamada “terceira via”. Se tivermos sucesso, amadureceremos enquanto nação e democracia. Devemos dar voz e vez às novas lideranças, construir o diálogo propositivo e, sobretudo, combater o populismo, nosso mal fundamental.


O Brasil está machucado com o histórico de corrupção e dos programas econômicos desenvolvimentistas, e isso não pode ser esquecido. O Brasil fez uma aposta arriscada em 2018 e perdeu. Recebeu de presente um estelionato eleitoral - isso também não pode ser esquecido. O Brasil está desmotivado, desiludido, desempregado, enlutado, vendo sua renda corroer-se com a inflação e à beira de uma crise energética cujas consequências ainda não podem ser medidas. Só o rompimento com o círculo vicioso bolsopetista e a construção de uma nova opção pode mudar o rumo desse país.