No dia 8 de fevereiro, foi comemorado o Dia Internacional da Internet Segura. A iniciativa é promovida no Brasil pela Safernet e pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br). A data foi marcada por diversas ações ao redor do mundo e é uma excelente oportunidade para que professores e equipes pedagógicas discutam o assunto nas salas de aula não só durante o mês, como de forma contínua.
Projetos e ações que abordem temas como cyberbullying, combate ao discurso de ódio e proteção digital de dados podem ser debatidos com o objetivo de promover o uso consciente das tecnologias e das mídias digitais entre os alunos. É preciso ter em mente que esse público está exposto a diversos riscos nas redes sociais sem ter maturidade suficiente para lidar com a situações de opressão, violência e ameaças.
Abaixo, veja três sugestões de atividades para desenvolver em sala de aula nessa temática em qualquer momento do ano letivo.
1. Promova campanhas contra o cyberbullying
De acordo um levantamento da UNESCO, 4 em cada dez crianças já foram vítimas de cyberbullying, uma intimidação que acontece no ambiente online na forma de ameaças, mensagens humilhantes e até fotos compartilhadas com o objetivo de constranger alguém. Dessas vítimas, 36% acabam abandonando a escola por não saberem lidar com a situação e não contarem com apoio para denunciar os agressores.
Não podemos tratar esse assunto como um tabu. Cyberbullying é crime, que pode ser configurado como calúnia, injúria e difamação com penas que variam de um a quatro anos de reclusão de acordo com o Código Penal Brasileiro. É preciso deixar claro que todos e todas merecem respeito, seja no ambiente online ou offline. As consequências podem ser fatais, como o caso que vitimou o menino Lucas em 2021.
Desde 2015, as escolas são obrigadas a desenvolver ações de prevenção e combate ao bullying com os alunos. As equipes pedagógicas devem, de acordo com a legislação, desenvolver ações de combate e que promovam a mudança de comportamento. Como esse público está cada vez mais conectado, falar sobre como ele ocorre no ambiente virtual é essencial para o bom convívio.
Para enfrentar esse tipo de conflito, algumas ações podem ser realizadas para discutir o tema. A realização de assembleias temáticas, atividades de mediação de conflitos, rodas de conversas e debates com base em casos reais promove oportunidades para que os estudantes tenham vez e voz para conversar sobre aquilo que os incomoda e machuca..
2. Use memes e outros virais para debater temas importantes
As plataformas digitais afirmam estar preocupadas em tornar o ambiente virtual mais seguro para os adolescentes. O TikTok, por exemplo, anunciou mudanças para evitar que desafios perigosos e pegadinhas violentas viralizem na rede. Entre as iniciativas estão bloquear o acesso desse público a vídeos que incentivam transtornos alimentares, discursos de ódio e atividades suspeitas.
Como levar esse debate para dentro da escola? A interpretação de conteúdos virais pode ser uma estratégia para chamar a atenção dos estudantes. A análise de um meme, principalmente nas disciplinas de linguagens e ciências humanas, incentiva o desenvolvimento de habilidades como a autoexpressão e a análise crítica das mídias. Esse tipo de mensagem tem potencial de desenvolver uma comunicação eficiente, já que faz parte do cotidiano dos alunos. No site so EducaMídia, é possível encontrar um passo a passo gratuito de como trabalhar o tema no Ensino Fundamental II.
3. Incentive a segurança digital
Pensando na segurança digital, algo que não se pode perder de vista é o cuidado com as senhas e os dispositivos aos quais os jovens têm acesso. No Brasil, cerca de 24,3 mi de crianças e adolescentes utilizam a internet, de acordo com a pesquisa TIC Online. Cuidados regulares são necessários para evitar que eles fiquem expostos a golpes e crimes virtuais.
Para levar essa discussão para a sala de aula, é possível incentivar que os alunos realizem a troca de senhas dos aparelhos periodicamente. Alerte sobre os perigos de utilizar números repetidos, datas de aniversário e figuras geométricas. É importante que eles também atualizem seus aplicativos, fazendo downloads de versões recentes e corrigindo problemas de segurança, além de evitar o uso de redes de wi-fi públicas.
Precisamos formar uma geração de crianças e adolescentes mais responsável pelo conteúdo que publica e consome nas redes. É preciso ensiná-los a refletir criticamente sobre certas atitudes nas redes, para que possam tirar o melhor proveito do que as tecnologias podem oferecer.
Texto escrito por Elisa Thobias é educomunicadora formada pela Universidade de São Paulo (USP) e é analista de comunicação do Instituto Palavra Aberta. O Instituto Palavra Aberta colabora voluntariamente com o Instituto GRPCOM no Blog Educação e Mídia.
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