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A escola como espaço de vivência da dimensão política

(Foto: Marcelo Andrade)

(Foto: Marcelo Andrade)

As discussões sobre política e sua relação com as práticas escolares caminham de maneira confusa no contexto das escolas brasileiras. Ao falarmos de política, se compreende ser esta só uma ciência que abrange a governança de um Estado ou Nação, sendo um espaço para negociação e compartilhamento dos interesses públicos. Desse modo, estão envolvidas discussões de temas sociais e econômicos conectados às áreas da educação, saúde, meio ambiente, entre outros.

A democracia no país ainda é um processo recente, tendo como marco a Constituição de 1988, e durante esse período, observamos momentos sutis de participação da sociedade em decisões públicas. Este modelo se reflete também na escola, na qual os debates políticos não acontecem de maneira orientada e fundamentada, e mostram-se distantes da realidade dos estudantes, fato observado, por exemplo, nas aulas de Educação Cívica das gerações anteriores, que ocorriam de maneira imposta e indesejada, causando pouca discussão da política no cotidiano.

O desalinhamento acontece quando se tenta impor o assunto e reduzi-lo ao ensino do funcionamento do Estado, administração pública e divisões partidárias. A competência política deve ser vista como a capacidade do indivíduo de se apropriar, construir e mobilizar saberes em prol de atitudes e valores em negociações com diferentes sujeitos e contextos, com o objetivo de ampliar a visão sobre governança, participação coletiva em processos decisórios, promoção do bem comum, tendo como aspecto a perspectiva de direitos e deveres.

O cunho central da discussão é levar o estudante a pensar sobre a comunidade, promovendo o convívio e o respeito como pontos em comum dentro dos componentes curriculares existentes. Assim, a educação política se faz necessária desde a Educação Infantil, incentivando o olhar atento ao seu entorno, nos cuidados com as relações e ambientes, permitindo o desenvolvimento de noções de partilha e respeito mútuo.

Proporcionar o envolvimento e garantir a participação política de crianças e adolescentes nos cenários públicos é respeitar os seus direitos assegurados pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), no Capítulo II, artigos 15 e 16, no qual prevê que “a criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas em processo de desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidos na Constituição e nas leis”, bem como possui o direito de “ir, vir e estar nos logradouros públicos e espaços comunitários, ressalvadas as restrições legais; à opinião e expressão e participação da vida política, na forma da lei”.

Atuar em educação política é lidar com formação e informação, trabalhar com o conhecimento fundamentado no campo científico, mas também estético, ético e afetivo. Assim, a política reforça o exercício da cidadania, utilizando ferramentas como a promoção de debates críticos, para a formação de sujeitos que olham os arredores, o bem comum, comprometidos e engajados de forma ética. A política pode acender o sentido social da educação, acolhendo a voz dos estudantes a fim de serem compreendidos. Desse modo, o conhecimento se torna um instrumento de liberdade com poder de convivência entre as pessoas e também de transformação social.

*Artigo escrito por Ana Carolina Marchetti Rodrigues e Marina Sabaine Cippola, professoras do Colégio Marista Champagnat de Ribeirão Preto, do Grupo Marista. O Grupo Marista é colaborador voluntário do Instituto GRPCOM no blog Educação e Mídia. 

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